sábado, 31 de maio de 2008

Basiles

Escrevo sob lágrimas. Puras e salgadas gotas d´agua que meus olhos escoam, ora por momentos de saudades, ora por momentos de pura felicidade. O curitibano me faz falta. Lembrar de toda a semana que passamos juntos, livres, sem qualquer força para impedir nosso amor, faz com que as tão temidas lágrimas voltem. Como gostamos de dizer "a depressão pós-reencontro" é extremamente delicada.

Mas as lágrimas me fizeram repensar em coisas que ele disse. "Paulinho, você tem uma família maravilhosa que, graças a Deus, eu pude conhecer, você tem amigos incríveis que eu adorei ficar ao lado durante alguns dias, e a redação da revista que você trabalha é a coisa mais perfeita do mundo". E é verdade. Muitas vezes, não olhamos para nossa vida e não constatamos o quanto somos felizes.

Minha família é realmente maravilhosa. Minha mãe, sempre cuidando dos ínfimos detalhes para que eu seja sempre feliz. Da marmita, ao conselho de boa noite, Dona Marisa sempre esteve ao meu lado em qulquer momento. Quando cheguei no último domingo em casa, chorando pela despedida do Will, ela disse "calma filho, logo vocês se verão, isso só prova o quanto vocês se gostam". Era tudo o qeu eu precisava ouvir naquela hora.

Meu pai, Seu Roberto, um homem forte, cabeça dura e muito inteligente, às vezes esconde a alma delicada e carinhosa que tem dentro de si. Mas essa faceta de sua personalidade vez ou outra cai. "Conta sempre com o papai viu", ouvi isso uma vez dele ao término do meu namorado com o cara que mais amei na vida. Foi tão simples sua frase, mas para mim representou tanto.

E, lógico, minha irmã, guerreira, sábia nas palavras, com um emocional do tamanho de um continente. Foi ela que segurou as bases de nossa casa quando elas insistiram em tremer, foi ela que me deu conselhos na hora que não achava mais caminho, foi ela que me deu uma mão na hora que achei que não tinha mais ninguém. A única não-ariana dentro de casa, que mesmo casada e não mais habitante a casa-mooquense dos Basiles, ainda tem sua essência aqui nos ambientes.
É Will, minha família realmente é maravilhosa e eu sou feliz, sou esse Paulinho, exatamente por causa dela.

Vai um cheese-cake dos Basiles aí?

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Amores interurbanos

Amar à distância é uma tarefa para poucos. Ter vontade de abraçar a pessoa que se ama e saber que centenas de quilômetros separa a possibilidade desse abraço é, muitas vezes, bastante cruel.

Mas, após já ter sofrido muito, eu sei que o amor sempre prevalece. Amar é encurtar distâncias, amar é deixar a pessoa viver sua vida sem prendê-la, amar é aceitar que a pessoa que você ama e não pode ficar agora com você aproveita a vida dela com outros que possam alcançá-la enquanto você não pode.

Amar é gastar contas enormes com interurbano, é ficar olhando fotos na parede, é fazer contagem regressiva para o próximo encontro, mesmo que este aconteça daqui 4 meses. Amar é aceitar os obstáculos como uma prova do próprio amor.

Eu te amo. E você sabe disso. Não preciso enganar a ninguém. Você vê nos meus olhos. E eu vejo nos seus. Sentirei sua falta curitibano.

Dois sorrisos felizes valem mais que mil palavras

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Visibilidade

Talvez uma das sensações mais gostosas dentro da carreira de jornalismo é quando se alcança, em determinados momentos, a tal esperada por muitos - e temida por outros - visibilidade. Em meus quase 2 anos dentro da profissão, passei por alguns momentos que me marcaram, não por serem tão grandiosos e complexos, mas sim por terem me deixado uma marca gostosa na memória.

Quanto eu trabalhava na Revista Forbes, acabei fazendo a cobertura de um evento na agência de publicidade DM9 que iria apresentar um show do DJ Fatboy Slim dentro de uma tal de "Second Life", algo que ninguém, até então, fazia idéia do que era. Fui, entendi, anotei, entrevistei e percebi: isso tem cheiro de coisa grande. Arrisquei. Resultado: fui o primeiro jornalista no Brasil na fazer uma matéria grande em revista sobre Second Life, que se tornou um fenômeno de sucesso. E, acreditem, até hoje recebo elogios por essa matéria.

Durante a Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, no último domingo, aconteceu outro fato que me tirou um grande sorriso de satisfação. Passeando com a redação da Revista DOM pela Avenida Paulista, um menino passou por nosso grupo e disse "Revista DOM?". Eu, imediatamente, virei em sua direção. Nesse momento o menino começou a pular de felicidade, dizia que era blogueiro, que adorava a gente, que tinha certeza que era a gente, deu parabens, mandou beijo.

Foi uma cena muito gostosa de ser vivida. Não trabalho em televisão, não trabalho com minha imagem, me escondo muitas vezes atrás da tela do meu computador e, mesmo assim, reconheceram meu rosto na multidão da Parada. Algo gratificante.

Lógico,nem tudo são flores. Já entreiem blogs de pessoas que eu nem conhecia e li coisas feias sobre minha pessoa. Já ouvi intrigas e fofocas sobre mim, de pessoas que nunca troquei mais que meia dúzia de palavras. Já me pararam em baladas perguntando se eu era quem elas pensavam que eu era.

A visibilidade é uma faca de dois gumes, por isso é importante saber manuseá-la, se não o corte é profundo.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Uma semana inesquecível

Pela primeira vez na vida, senti a Semana do Orgulho GLBT de São Paulo extremamente de perto. Por trabalhar na Revista DOM - De Outro Modo, fui encarregado, juntamente com o resto da redação, a trabalhar nos eventos que antecedem a Parada. No decorrer do feriado fui a baladas (The Week e Flexx), à Feira Cultural GLBT, na Praça da Repúblico, a coletivas de imprensa, ao Gay Day e, lógico, a própria parada.

Não quero fazer uma análise - não hoje - de todos esses eventos. Hoje quero comentar apenas sobre um dia, um único dia dentre os vários de festa, que resume o clima que eu gostaria de sentir todos os dias: o Gay Day, sábado, no Playcenter.

Durante toda a programação do parque, eu via nos rostos das pessoas o reflexo da felicidade, da liberdade delas serem o que realmente são, sem medo, sem vergonha. Vi homens andando de mãos dadas com homens, mulheres dando beijo na bocas de mulheres, famílias andando lado-a-lado de grupos de homossexuais.

Perguntei para uma senhora se ela sabia que seria realizado o Gay Day no Playcenter, e ela disse que não. Então perguntei o que ela estava sentindo e sua resposta me deixou emocionado: "Sabe filho, eu to com medo mesmo é da montanha-russa. O resto, está tudo ótimo".

Sim, estava tudo ótimo. Todas as 8 mil pessoas que frequentaram o parque naquele dia saíram pelos portões, lá pelas 9 horas da noite, com um sorriso de satisfação. Elas riram, se molharam no Aimea, ficaram tontas do Cataklisma, bagunçaram os cabelos no Turbo Drop e dançaram horas seguidas ao som dos DJs convidados.

O clima de descontração me emocionou. Sentei em determinado momento, sozinho, em silêncio, e fiquei pensativo. Meus olhos lacrimejaram. Por que é tão difícil? Todas aquelas pessoas querem apenas ser felizes, querem ter sua vida sem atrapalhar a dos outros. Por que os outros querem barrar sua felicidade? Olhem de perto. É tudo tão simples, tão fácil, tão bonito. Será que um dia não precisaremos mais de um gay day, e todos os dias serão nesse clima? A lágrimas escorreu sem resposta. Mas sei que saí do parque com a sensação de alma lavada.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Casa nova

Mudam-se os pensamentos, as estações, os caminhos.
Mudam-se as amizades, as histórias, as risadas.
Mudam-se os gostos, os rostos, as cores.
Muda-se na mudança da arte de mudar.

Após anos à frente do meu antigo blog Mundo do Paulinho, cansado dos incessantes problemos do Weblogger, resolvi mudar.

A casa é nova, a história também. O Paulo Basile, o Paulinho de todos, é ainda o mesmo.