quinta-feira, 30 de abril de 2009

Castelos e príncipes

"Eu dava um cavalo branco para aquele príncipe, eu dava um castelo, eu dava uma bruxa e um dragão para ele matar, eu dava tudo isso e mais as quele pedisse, mas ele não queria, eu acho que ele não queria... eu acho. E eu não tive tempo de dizer que? quando a gente precisa muito que alguém fique com a gente, a gente constrói qualquer coisa: até um castelo" (Caio Fernando de Abreu)

Sentimento doado por Renato Vicente, o Pequeno Princípe, meu príncipe afável dos cabelos de ouro, ouro que me lembro quando lembro dos campos de trigo que talvez eu nunca tenha visto, mas já sentido, talvez, numa mesa de bar, entre cervejas e cigarros, entre olhares escondidos e sorrisos avergonhados e questionamentos e filosofias e eu e ele.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O peixe e a vara


O peixe, de vítima como é visto pelos vitimadores, de nada vítima é na realidade. O peixe traça a isca, devidamente presa pelo pescador, enganado pela presa tão facilmente presa naquele anzol. O anzol se mascara, se ilude, iludindo o pobre peixe que na frente só vê a isca. O pescador sente o peso da vítima, vitimada objetivamente por ele, e então resolve puxar com toda a força qe possui dentro de sua vontade. O peixe vai sendo içado, com a iça, com o anzol, pela vara. Pobre do peixe que foi enganado. Pobre do pescador que acredita enganar. Mas o peixe, ensandecido pela ira de ter sido enganado, de ter saido içado pela isca camuflada, sabe de sua força, sabe que também a vontade em seu objetivo. O peixe sabe que se fizer força, pode arrancar a isca, o anzol, a bóia, a linha. Sobrará a vara e o pescador vitimador que engana-se ao acreditar que enganou o peixe. Está na boca, na garganta, nas entranhas, a vontade, a sabedoria de saber que tens o poder. Ambos o tem. Ambos necessitam trabalha-lo. A força de içá-lo antes que a isca seja içada junto com o resto. A vara pode estourar ou o peixe pode morrer. Talvez. Vara de um lado, peixe do outro. No centro, o caminho, a decisão, o destino.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Os dois patos

Eu não emagreço tão mais fácil quanto emagrecia anos atrás.
Por outro lado, eu entendo os olhares e as intenções das pessoas cada vez mais.
Não tenho mais aquele romantismo desenfreado que eu tinha na adolescência.
Mas também agora sei selecionar muito melhor meus relacionamentos amorosos.
Não sou tão mais impulsivo como sempre costumei a ser.
Porém não deixo de acreditar nos finais felizes surgidos do acaso.
Não sou mais estudante.
Mas também agora tenho uma carreira profissional a zelar.
Não sou mais dependente.
Porém cada vez mais dependo do salário para pagar as contas que surgiram.
Não tenho mais volume gigantesco de cabelo.
No entanto as pessoas estão mais interessadas no meu falar do que nos meus cachos.
Não tenho mais ciumes.
Aprendi a ser mais seguro.
Continuo com uma família que ama absurdamente.
Mesmo assim já penso em sair de casa.
Não tenho os mesmos amigos de cinco anos atrás.
Mas tenho amigos que estarão comigo nos próximos cinco.
Não sonho mais tão alto.
Porém realizado mais sonhos baixos.

Amanhã sem concretizam 22 anos de ariano que vivi nesta Terra. Cresci e continuo crescendo. Que bom. Que bom.