segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ócio-improdutivo

Não consigo não trabalhar. E não digo isto apenas pela questão financeira. Dinheiro é fundamental, mas saúde mental vem antes de qualquer coisa. Também não digo que sou workaholic (quantas foram às vezes que suspirei "ahh se eu fosse rico eu não trabalharia"), mas ficar no ócio-improdutivo não é nada saudável. Estou sempre trabalhar faz o quê, quatro semanas? E qual é meu estado? Instável! Não suporto não ter o que escrever, não ter que entrevistar alguém, não ter que apurar um tema, não ter que sair nas ruas com o gravadorzinho ou ficar ansioso esperando o telefone da fonte. Não suporto acordar tarde por não precisar acordar cedo. É gratuito isso. O legal é acordar cedo resmugando que queria dormir até tarde, mas no fundo pensar "que delícia que estou indo para um trabalho que sinto tesão em trabalhar". Há três anos eu entrava no meu primeiro emprego no mundo jornalístico, na extinta revista Forbes Brasil. E então veio Viver Bem. E então veio DOM - De Outro Modo. Agora, preciso arranjar outro modo, não o que eu então vivia, para continuar a viver. Procurar emprego é chato? Nossa, um pé na sacola plástica. Suplicar ajudar para as fontes é chato? Chato e incômodo. Mas não posso, nem quero ficar parado. Se eu assistir a mais um filme de bruxinhas engraçadas na Sessão da Tarde juro que vou enloquecer. Antes fosse enlouquecer de tanto trabalho. Oi, alguém está precisando de um repórter com boa experiência?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Desmascara a cara

Will:
*****

Te desejo menos inveja da felicidade alheia, mais vida real, um amor de verdade, amigos com que não seja violento por despeito, amigos e não conhecidos, mais pessoas que se aproximem de você não por interesse, mas que realmente gostem de ti, que briguem contigo porque se preocupam e se importam e querem seu melhor, e não aqueles que falam mal de você quando vira as costas - viva a bubu - enfim, tudo aquilo que você não tem na sua vida, ou que consegue cagar com seu gênio de merda. Seja menos mimado e mais feliz! Viva!

"Abraços"



Eu adoro quando as pessoas mostram sua verdadeira cara, quando as máscaras caem, quando anos de sentimento se mostram em vão, quando a infantilidade, a falta de respeito e pobreza de espírito se mostram ao mundo. É bom para se afastar e ficar mais leve!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Faca

A dor mais perfurante que existe, sem dúvida, é a facada de um amigo pelas costas. Mas a dor não é pela simples faca, mas pelo veneno que ela provoca no organismo, o veneno da desconfiança, o veneno da desilusão, o veneno da decepção. A faca consegue ser descravada, mas a ferida dói, sangra, arde, maltrata e dificilmente fecha. A ferida consegue apagar aquele fogo pelo qual suas mãos poderiam ser postas pela pessoa, consegue tirar o sorriso sincero só de pensar em teu nome, consegue derramar lágrimas, pela primeira vez no relacionamento, de tristeza. Apunhalar um amigo, mesmo sem toda convicção, é plantar uma semente de uma planta podre, cruel, fedida.

sábado, 11 de julho de 2009

Parênteses

(a sensação de conhecer alguém cujas risadas e caretas te fazem incrivelmente bem é gostosa demais)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Arquivo morto


Todos nós temos arquivos mortos. Arquivos que já foram armazenadas nas gavetas do passado, com dados, com fotos, com lembranças, com sentimentos. Arquivos que estão lá, intactos. Mortos pelo passar do tempo, mas tão vivos como se fossem no presente. As lembranças mataram esses arquivos, mas o cheiro deles, o brilho, o olhar, o sorriso, ah, o sorriso, esses arquivos ainda pulsam de vez em quando. De tempos em tempos nós abrimos as gavetas, vamos ao fundo dos arquivos, resolvemos investigar o passado tal qual um investigador que procura provas para incriminar um homicida que nunca foi acusado. Fechamos os olhos, abrimos a lupa e visualizamos cada letra, cada número, cada pedacinho milimetricamente calculado desse arquivo. E por mais morto que esteja, ele ainda pode ser cruel. É aquele último abraço que nunca foi dado, é aquela mensagem engolida com lágrimas salgadas, é aquele perdão que foi doloroso de ser dado. É aquela ligação que desconstruiu todo o sonho, é aquela fuga do cinema em silencio, é aquela mão que encolheu e não mais pegou na minha mão. É aquela mentira contada, é aquele sumiço desentendido, é aquela mudança de olhar. Arquivos mortos, quem não os tem? Que não os teme? Quem ainda acha que não estão mortos? Quem ainda não consegue entender que adora são apenas, e não há como mudar, simples arquivos? E por mais que estejam mortos, às vezes eles voltam, com uma nova roupagem, com uma nova lembrança velha esquecida, com um novo formato, numa segunda pós domingo pós sábado pós sexta-feira qualquer. E se vão. Sempre se vão. Mortos, arquivos, mas não esquecidos. Apenas armazenados numa gaveta escura e empoeirada, que de vez em quando necessita de uma limpeza. E você, quando foi a última vez que limpou seus arquivos?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A rainha vindo para casa

Ainda bate um arrepio sempre que ouço, sempre que vejo, sempre que fecho os olhos e me lembro, o vento no meu rosto, minhas mãos agarradas na grade, o eco da multidão atrás de mim, e quanto abro os olhos, ela me olhando, ela sorrindo, ela me encantando e encantando mais 70 mil pessoas ao meu lado. Com certeza será um dos DVDs mais incríveis que um dia comprarei.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Meia dúzia


O semestre acabou. Semestre ruim, cinza, pesado. Semestre triste, descontente, desconfiado. Semestre que começou nas areias com oferendas para Iemanjá na primeira vila fundada no Brasil. Semestre que conheceu os ares ensolarados de Recife, a arquitetura alegre de Olinda, as paisagens alucinantes do Rio de Janeiro. Semestre que reencontrou as ruas desenhadas a dedo de Curitiba, semestre apresentado ao litoral singelo do Paraná. Semestre que teve inejção no bumbum, exames de sangue, espinhas afloradas. Semestre que teve beijos roubados, sentimentos partidos, amores reencontrados. Semestre montanha-russa no jornalismo, de péssimos profissionais e diploma caindo. Semestre que começou sem trabalho e termina sem trabalho. Semestre que começou sem relacionamentos e termina sem relacionamentos. Semestre que começou com grandes amigos e termina com grandes amigos, alguns distantes, mas ainda grandes. Semestre que começa com promessas, decisões e procuras. Semestre que acaba com dúvidas, desilusões e incertezas. Semestre que termina com expectativas de gripe suína. Semestre que começa com dor na cabeça, olhos e coração. Semestre que termina com o cancelamento de uma viagem querida. Semestre que começa com planos de viagens futuras. Semestre que termina com o começo de um semestre que ainda vai terminar, mas também deixará sua marca.