Neste ano, resolvi tomar vergonha na cara e mergulhar de cabeça em uma das minhas grandes paixões: o cinema. Graças ao fascinante advento da tecnologia, aliado a um ato um tanto quanto ilegal, resolvi baixar da internet todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar 2009. Tudo bem, alguns filmes eu me dei ao luxo de ir ao cinema e desfrutar os benefícios da tela grande. Porém, com a situação financeira de "vacas anoréxicas" que ando passando, a única solução encontrada foi realmente baixá-los em casa. Mesmo porque, muito dos filmes só estrearão no circuito brasileiro depois da cerimônia do Oscar, e desta vez eu quero fazer minhas apostas baseados em meus próprios argumentos, e não puros achismos.
Semana passada já comentei sobre "Quem quer ser um milionário". Hoje, comentarei sobre outros três filmes que estão na disputa de algumas estatuetas: O curioso caso de Benjamin Button, de David Fincher, "A troca", de Clint Eastwood, e "Rio Congelado", de Courtney Hunt.

"Rio Congelado", como o próprio nome diz, é um filmes frio, denso, muitas vezes estático, maduro, sem alegria, sem muito movimento, onde, muitas vezes, vale mais um quase-sorriso no rosto do que meia dúzia de palavras ditas. O filme narra a trajetória de duas mulheres que acabam se aliando para ajudar na travessia de imigrantes ilegais na fronteira do Canadá com os EUA.
A relação da personagem de Melissa Leo, que com todo o mérito concorre ao Oscar de melhor atriz, com a personagem, com Misty Upham é extremamente sutil, mas de uma força e beleza impecáveis. Mas, o grande personagem da história é a própria miséria da região, que mesmo ocultada pelo frio de 20 graus negativos, se torna evidente e tocante.

Já que falei em atuação feminina brilhante, "A troca" é, sem dúvida alguma, o melhor papel da carreira de Angelina Jolie até agora. Não é a toa que a senhora Pitt também concorre à estatueta de melhor atriz da premiação. Angelina, mais do que nunca, mostrou que além de uma das mulheres mais belas do planeta também é uma das melhores atrizes da nova safra do cinema. O filme, vivenciado em 1928, na cidade de Los Angelas, narra a história de uma mãe, que em uma manhã de sábado, ao voltar do trabalho, não encontra mais em casa seu filho Walter, de oito anos. A partir de então, começa uma incessante busca para resgatar o menino. No entanto, a personagem é barraca por um embate com a polícia local, imersa em corrupção e disputas políticas.
O filme representa a insuperável e poderosa força do amor maternal e a determinação de uma mulher que não tem medo de lutar pelo seu objetivo, em uma sociedade machista e corrompida. "A troca", dirigido pelas excelentes mãos de Clint Eastwood, também concorre aos Oscars de Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Reserve lenços de papel para assistí-lo.

A última produção que comento hoje é a única que poderá desbancar "Quem quer ser um milionário" na disputa de melhor filme de 2008. "O curioso caso de Benjamin Button" é tocante, é empolgante, é inteligente, é puro, é ingênuo, é fascinante. Talvez seja essa a palavra: fascinante. Não consigo contar quantas vezes me vi de queixo caído durante a exibição do filme no cinema, e quantas vezes meus olhos, hipnotizados pelo brilho do enredo, se fizeram imersos em lágrimas.
A história narra a trajetória de Benjamin Button, uma criança que nasce com uma desconhecida doença: ela nasceu velha. Velha? Sim, logo ao nascer, a criança apresenta a fisionomia de um senhor à beira da morte. Porém, Benjamin Button, que segundo os médicos estaria predestinado a morrer logo após ao nascimento, inverte a situação, e ao invés de envelhecer, ele começa a rejuvenescer com o passar dos anos.
Brad Pitt está completamente fantástico no papel do protagonista. Com a maquiagem sendo papel fundamental para a história, é impossível olhar para Pitt com a aparência de um senhor de 70 anos e o jeito de uma criança de 5 anos e não se emocionar. Uma atuação impecável e contagiante. Além disso, Cate Blanchett também está brilhante no papel de Daisy, a mulher por quem Benjamin se apaixona.
O filme é o arrasa-quarteirões da 81ª edição do Oscar. Ele concorre a precisamente 13 indicações na premiação, entre elas “Melhor filme”, “Melhor diretor” e “Melhor ator”, para Brad Pitt. Em 80 anos do prêmio, apenas 10 filmes conseguiram tão façanha, e a maioria deles ganhou o grande prêmio.O interessante da seleção de filmes neste edição da premiação é o fato da maioria deles tratar de assuntos que são tão fortes e ao mesmo tempo tão simples, ligados à natureza humana: o amor, a esperança, a luta, a determinação, a amizade, os vínculos de sentimento. Todos os filmes ganham o espectador pelo coração e o transportam para dentro de si mesmos, fazendo com que cada um, sentado à frente da grande tela ou da simples tela do computador, consiga olhar para dentro e pensar nos limites e nas essências do próprio ser humano, deles próprios.
Anote esses três filmes na agenda e não deixe de assisti-los, pois com a tecnologia da internet ou não, vale o preço do ingresso do cinema!