
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Caixa de domingo

domingo, 17 de outubro de 2010
Quando alguém vai embora
Eugenio Mussak
Cheguei a Uberlândia para proferir uma palestra para pais e professores de um colégio local. Uma simpática professora me esperava no aeroporto e fomos conversando sobre o ambiente escolar, sobre a alegria dos alunos, suas dificuldades, sobre a indisciplina, a comunicação entre gerações diferentes, coisas assim. A palestra seria à noite, mas eu havia pedido para conhecer o colégio, pois tínhamos algum tempo.
No caminho ela me disse algo curioso, como que preparando meu espírito: “Não estranhe, professor, nosso colégio normalmente é muito alegre, mas hoje o ambiente está triste. Provavelmente você vai ver algumas alunas chorando”. Não consegui não estranhar o comentário. Quando perguntei o que tinha acontecido, ela explicou: “É que é o último dia da Candice, uma aluna de intercâmbio do Canadá. Ela está indo embora amanhã”.
E ela tinha razão. Em vários momentos senti a tristeza no ar, como se houvesse um luto. A Candice devia ser muito querida, pois sua despedida estava repercutindo em todo o colégio. Era o mês de agosto e ela tinha que voltar à sua terra, onde as aulas começam em setembro. A menina voltaria para Vancouver, a bela cidade da costa oeste canadense, e o colégio de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, seguiria sua rotina, mas não seria mais o mesmo. Candice teria deixado uma marca na vida de colegas que tinham se acostumado com sua presença, sua alegria. A poderosa marca da amizade.
Durante minha palestra não pude não me referir ao fato. E lembrei que um colégio é uma espécie de entreposto de emoções, pois por ali passam anualmente alunos, professores, pais, funcionários, criando um ambiente de convivência, com idiossincrasias, alegrias e tristezas. E de repente vêm os fins de ano, as formaturas, e com isso as alegrias dos novos ciclos e as tristezas das despedidas.
Os garotos e garotas de certa forma estão sendo preparados para o que se repetirá ao longo de suas vidas. Encontros e separações, afinidades e desencontros. Pessoas que invadem nossa alma como posseiros, semeando ilusões que se dissolvem quando ouvimos um “Tchau, estou indo embora!” Como assim? Você me conquistou, tornou-se meu amigo, uma pessoa importante que agora simplesmente vai embora?
Você é responsável por mim – diria o Pequeno Príncipe –, pois você conquistou minha amizade e afeto. Agora assuma sua responsabilidade! Eu bem que gostaria, mas é a vida que não deixa. Ela tem uma lógica própria que não respeita os viventes – responderia o homem grande. A lógica da vida é que temos que seguir nossos rumos, fazer nossa parte dentro do grande agrupamento humano. A vida segue seu curso e nós fi camos chorando nossas perdas nas esquinas, mesmo sabendo que há novas conquistas ao atravessar a rua.
Percebemos, então, que havia um clima estranho entre nós, como se os sentimentos estivessem embaralhados. E estavam. Foi quando um colega, estressadíssimo, entrou no vestiário dos plantonistas proferindo palavras de desabafo, todas impublicáveis. Outro colega, então, fez um comentário lento e profundo: “Sabe, vou sentir muita falta de seu mau humor, meu caro”.
O riso foi geral e o primeiro colega teve que aguentar muita gozação. Mas depois nos detivemos a pensar se seria mesmo possível sentir falta do mau humor de alguém. É claro que não era da cara de azedo que o colega estava portando naquele momento que sentiríamos falta. Era dele. Com todas as qualidades e defeitos que ele e todos nós temos. Seu desabafo naquele momento não era só seu, era de todos nós, pois ele era um de nós. Alguém do grupo, da tribo que tinha passado seis anos junta, estudando, sonhando, brincando, jogando bola, tomando cerveja.
Seis anos que, quando se tem 20 e poucos, parecem muito mais. Entramos calouros ingênuos, felizes, mas excitados com a expectativa do curso de medicina que começava. Estávamos saindo doutores, também ingênuos, também alegres, e também excitados com a expectativa da vida pela frente.
Nesse tempo experimentei o espírito de coleguismo verdadeiro. Eu estava feliz com o fim de curso e com o começo de uma nova vida, mas como faria para viver sem a presença da amizade constante deles? Eles estavam indo embora, todos estávamos. Alguns ficariam na cidade, outros não. A tribo, enfi m, estava se espalhando pelo planeta. Agora era cada um por si.
Não sei onde está a maioria de meus amigos. Não sei se tiveram carreiras brilhantes, se casaram, quantas vidas salvaram. Talvez alguns já tenham partido definitivamente. Mas, por outro lado, sei, sim, onde eles estão. Em minha memória, e em um canto especial de meu coração. Que bom que eu tenho de quem lembrar, de quem sentir saudades e a quem agradecer por ter feito parte de minha história e por me ajudar a ser quem hoje sou, este conjunto de retalhos da vida que passou... e que segue.
fonte: http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/096/pensando_bem/quando-alguem-vai-embora-595259.shtml
domingo, 22 de agosto de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
Neuroniando
domingo, 4 de julho de 2010
Uma nova escala
Lembro-me com todos os detalhes daquele dia: uma sexta-feira de julho, eu com minha camisa preta, meio de social, meio desajeitado, ansioso, entrando naquele prédio da Vila Olímpia, entrando pela primeira vez numa redação de revista, ansioso, inexperiente, medroso, despreparado, escondido.
Era lá que começava minha história como jornalista, minha trajetória pelo mundo das revistas, meu aprendizado como profissional.E, a partir de então, escrever para revistas se tornou uma paixão, uma deliciosa vontade, um trabalho muitas vezes nem visto como trabalho, mas sim como hobby. E foi a Revista Forbes. E foi a Revista Viver Bem E foi a Revista DOM. E foi a Revista A Capa. E foi a revista Capricho. E foi a Revista Runner. E logo mais será a Revista Up.
E agora, uma nova escala começa na minha vida, uma nova fase se inicia em minha carreira. A partir desta semana começa mais um desafio em minha breve (4 anos é breve) carreira como jornalista. Espero, como em todos os trabalhos anteriores, aprender muito, crescer muito, ensinar muito e fazer com que meu desenvolvimento se reverta diretamente no desenvolvimento de mais uma revista. Que os bons ventos jornalísticos se assoprem em minha direção.
Lembro-me com todos os detalhes daquele dia: uma sexta-feira de julho, eu com minha camisa preta, meio de social, meio desajeitado, ansioso, entrando naquele prédio da Casa Verde. Mas agora não mais despreparado, nem medroso, nem escondido. E entro no prédio com a certeza de que posso encarar esse desafio.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Cheesecake de abobrinha
terça-feira, 8 de junho de 2010
Vamos viajar?
sábado, 5 de junho de 2010
A garoa
Com palavras suadas e perdidas
O coração bate atrás do muro
Palpitações ofegantes e ardidas
As gotas batem no telhado
Um sintilar suave e triste
Escorrem no caminho sonhado
Desiludido pela mentira que insiste
Solidão, por que continuas?
Acompanha a garoa tão fina
Sob as nuvens frias e cruas
Coração, por que desafina?
Não te cansas da procura nas ruas
O amor pode estar...virando a esquina
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Dia da Internet
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Homossexualidade na tela
O primeiro filme foi Shortbus, do diretor John Cameron Mitchell, que conta a história de personagens interessantíssimos: uma terapeuta sexual de casais que nunca teve um orgasmo, um casal de gays que anda com dificuldades no namoro e pensa em abrir a relação, uma dominatrix que mantem sua vida pessoal em sigilo e não consegue se abrir para as pessoas, um voyer que acompanha de perto, escondido, toda a vida do casal gay, entre tantos outros. Todos os personagens frequentam o Shortbus, um bar/balada/casa de sexo em que a liberdade é a grande palavra de ordem.
O filme chocou Cannes quando foi exibido, pelas fortes cenas de sexo explícito e pelo conteúdo libertário de suas falas. Talvez por isso eu tenha ficado muito pensativo após assisti-lo. Atualmente no universo gay há mais liberdade sexual do que emocional. Os gays em geral conseguem muito mais ir para uma sauna transar com quantos quiserem do que pronunciarem um "eu te amo". E não digo isso por falso moralismo. Apenas entendo que hoje em dia a liberdade que temos de nossos corpos, de nossas vontades sexuais, de nossos desejos, é extremamente superior à liberdade de expormos nossos reais sentimentos.
E isso foi uma construção realizada por todos: a sociedade conservadora, o preconceito (mesmo o velado), o conservadorismo e, pasmém, os próprios gays. Sim, os gays optaram por seguir neste caminho. É como se a sociedade gay vivesse em um grande ciclo, visivelmente identificado nas últimas décadas: primeiro o anonimato por medo do conservadorismo, depois a explosão dos direitos gays, do sexo, a grande disseminação da AIDS, depois a retomada de uma vida "igual entre todos", sem levantar a bandeira gay, e agora novamente a liberdade do corpo. Confesso: tenho um pouco de medo de como esta geração será daqui 30 anos (e me incluo neste pensamento).
A segunda obra que assisti foi o engraçadíssimo filme The Big Gay Musical, de Fred M. Caruso, composto por um elenco inimaginável de artistas da Broadway e até pelo ator pornô Brent Corrigan. O longa conta a hilária história de backstage do mundo dos musicais, com direito a todos as características de um enredo com temática gay: saída do armário, virgindade, sexo casual, paixões difíceis, aceitação, conservadorismo da Igreja.
O filme é realmente impagável e se tornou um dos hits nos EUA. Por trás das piadas muito bem produzidas e do cotidiano de jovens gays que sonham com a felicidade, há uma enorme crítica às religiões que protestam contra a homossexualidade, levantando a bandeira "de que Deus é contra os gays". Além da trama bem interlaçada (embora com alguns clichês), obviamente, há as músicas deliciosas que compõe o filme (além de corpos ainda mais deliciosos).
Por último, assisti ao programa Profissão Repórter, da Rede Globo, exibido na noite de ontem, 11 de maio. Ele abordou a questão da homossexualidade na família, trazendo personagens reais que vivenciaram este drama. Uma das entrevistas (a qual eu também ja entrevistei para uma matéria da Revista A Capa) foi a escritora, professora universitária e pesquisadora Edith Modesto (foto), criadora do GPH (Grupo de Pais de Homossexuais).
Edith faz um trabalho fabuloso à frente deste órgão, onde ajuda centenas de pais a enfrentaram a descoberta da homossexualidade dos filhos. Talvez um dos momentos mais difíceis na vida de um gay seja a hora de se abrir com os pais. O medo de perder o amor deles, o medo de ser rejeitado, o medo de sua vida nunca mais ser a mesma, o medo de perder o respeito dentro de sua própria casa. Muitas são os obstáculos a serem enfrentados neste momento delicado. Se puderem, procurem no YouTube o programa, pois é um excelente documentário e ótima iniciativa da Rede Globo, que por muitas vezes de mostrou hipócrita e preconceituosa.
Como sempre, a arte imitando a vida e usando a arte para modificar a vida. Quem sabe modifique a cabeça das pessoas que ainda têm uma visão arcaica da homossexualidade. Quem sabe...