sábado, 28 de fevereiro de 2009

"Hey galera, hey moçada, carnaval começa, no galo da madrugada"

O Oscar passou e eu, depois de uma longa série de posts sobre os concorrentes à estatueta dourada neste blog, me dignei a escrever algo sobre a premiação. Sim, foi incrível ver o banho de Slumdog Millionaire, o discurso de Kate Winslet, as palavras de Sean Penn, a desenvoltura exepcional de Hugh Jackman e tantos outros destaques da 81ª cerimônia do Oscar. No entanto, mais do que minha paixão pelo cinema, nessa últimas semanas eu ganhei uma nova paixão, brasileiríssima, colorida e tão surreal como os filmes na telona: o Carnaval.

Tive a oportunidade de viajar a trabalho ao Recife e Olinda na semana passada. Fiquei, ao todo, 6 dias nas cidades pernambucanas, com direito a pegar o início das comemorações de Carnaval. Diferente do que se vê em São Paulo e Rio de Janeiro, com basicamente a folia restrita aos sambódromos, nas duas cidades que visite toda a população em qualquer esquina, qualquer rua, qualquer avenida, inspira de pulmões abertos a festa popular.

É lindo saber que há pessoas que passam meses e mais meses bolando suas próprias fantasias para desfilarem pelas ruas a alegria carnavalesca. É lindo você se surpreender quando, de uma hora para a outra, um bloco de Carnaval passa na sua frente na rua. É lindo ver serpentinas nos fios, máscaras nos postes, sorrisos nas faces e uma alegria que apenas os brasileiros sabem fazer.

Foi interessantíssimo conhecer o Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo. Um tsunami de pessoas, de marchinhas, de fantasias. Um massa feliz, dançante e que, por alguns momentos, consegue esquecer a vida difícil no calorente nordeste. Talvez essa seja a real magia do Carnaval: a época onde os sonhos, nossos sonhos, os sonhos brasileiros (diferente do global Natal) podem acontecer.

Me apaixonei por Recife, por Olinda e pela sensação proporcionada pelo Carnaval. Confesso: tive vontade de me fantasiar e ficar pulando na folia até os pés doerem. Quem sabe em 2010!










sábado, 14 de fevereiro de 2009

Forças para sobreviver

Atualmente, um tema forte e chocante, talvez um dos mais difíceis de ser trabalhado e refletido, está em voga no mundo cinematográfico: o nazismo. A crueldade produzida pelo ditador mais cruel que nossa humanidade já presenciou vem sendo discutida na telona. Aqui mesmo já comentei com vocês sobre o ingênuo e tocante "O menino do pijama listrado" e do complexo "O leitor". Ainda não assisti ao blockbuster "Operação Valquíria", que fez até Tom Cruise vir ao Brasil tentando promover o filme. No entanto, hoje escreverei sobre outro filme dentro da temática que me tirou lágrimas e me deixou bastante pensativo.

"Defiance", de Edward Zwick, é um drama, baseado em fatos reais, que mostra claramente o desespero dos judeus ao tentare fugir das tropas alemãs. Em plena Segunda Guerra Mundial, liderados pelo personagem protagonizado pelo "James Bond" Daniel Craig, um grupo de judeus fogem e começam a construir um vilarejo secreto para se esconder do exército nazista. A partir de então se desencadeia uma série de vínculos de vida e morte, com momentos belos e momentos terríveis.

O filme, mesmo que apresentando porções de "filme cinemark", dá raiva, revolta, entristece, esgota. Talvez seja por um outro personagem que não aparece na trama, mas que foi muito bem lembrado pelo Oscar e está na lista dos concorrentes: sua trilha sonora. Clássica, acústica e sufocante, ela te derruba no universo do nazismo, na escuridão da floresta dos refugiados, no silêncio das mortes.

Um filme para lembrar do que o ser humano pode fazer e o quão cruel ele pode ser.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O lutador e o escritor

"O lutador" marca o grande retorno do ator Mickey Rourke, galã da década de 80 que acabou se envolvendo com drogas e confusões e viu sua carreira afundar. Embora já tivesse retornado às telonas com o filme "Sin City - A cidade do pecado", é em "O lutador" que Rourke realmente marca sua volta triunfal, que provavelmente dará ao ator o Oscar de melhor ator (como já aconteceu no Globo de Ouro).

O filme conta a história de Randy "The Ram" Robinson, um lutador que teve grande sucesso na década de 80, porém, 20 anos depois, acaba precisando participar de confrontos ensaiados de luta livre para se sustentar. No entanto, após sofrer um ataque cardíaco, Randy precisa avaliar que caminhos tomar em sua vida.

A grande virada do filme não acontece dentro dos ringues. Randy, na realidade, busca o sucesso em sua vida pessoal, com a busca pelo amor de sua filha e por estabelecer um relacionamento com a prostituta interpretada por uma excelente Marisa Tomei (que concorre ao Oscar de melhor atriz coadjuvante).

O filme, dirigido por Darren Aronofsky, mesmo diretor de "Réquiem para um sonho", "Pi" e "Fonte da Vida", é realmente como uma grande luta livre. Ele é pesado, é sangrento, é triste. Um "filme para macho", mas com toques de emoção e personagens contagiantes.

Já "The Visitor" é um filme delicado, simples, bonito, emocionante. Ele trata de temas como a imigração ilegal, a paixão pela música e pergunta ao personagem principal se ele realmente já batalhou por algo que valesse a pena. Walter Vale, vivido por Richard Jenkins é um professor de economia de Connecticut que precisa ir à New York para uma conferência e acaba descobrindo que um casal está morando em seu apartamento. Tarek e Zainab são dois imigrantes ilegais que levam uma vida normal nos EUA.

Após desentendimentos, inicia-se um grande lanço de amizade entre os personagens, em uma narrativa deliciosa, com trocas de experiências entre personagens de vidas são distintas. No entanto, por uma infeliz coincidência, Tarek acaba sendo preso e então começa o drama vivido pelos milhões de imigrantes ilegais no país. O filme revolta, emociona, entristece. Personagens bons culpados por suas origens.

Richard Jenkins é o grande destaque do filme, com uma atuação que lhe proporcinou a disputa do Oscar de melhor ator. Richard brilha na pele de um homem infeliz com sua vida, quas depressivo, que se vê despertando para as simplicidades do mundo sob as notas musicais de um tambor. Um filme realmente brilhante que vale a pena ser assistido!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Suástica na telona

Mais dois filmes chamaram minha atenção ultimamente, pela intensidade de suas cenas, pelas belíssimas atuações de seu grupo de atores e, principalmente, pelo tema abordado em ambas as produções, um tema ainda muito difícil de ser tocado por ser uma das mais cruéis realidades que nossa civilização já presenciou: o nazismo.



O primeiro filme está na requisitada lista do Oscar 2009, com 5 indicações. "O Leitor", de Stephen Daldry, é o filme que deu a Kate Winslet o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante. Aliás, vale lembrar que Kate marcou história na mesma premiação ao ganhar o troféu de melhor atriz em drama pelo filme "Revolutionary Road", já comentado aqui no blog. Injustamente e curiosamente, a atriz concorre nesta edição do Oscar apenas pelo filme "O leitor", mas na categoria de melhor atriz.

A história se passa no fim do anos 50, quando a Alemanha tenta se reconstruir após as atrocidades cometidas pelo nazismo. No entanto, o filme vai e volta no tempo constantemente, descontruindo completamente a história. Michael, im adolescente de 15 anos acaba se envolvendo com Hanna, a personagem de Kate, uma mulher mais velha que trabalha como cobradora de bondes. Os dois começam a se relacionar sob uma "troca": Hanna inicia sexualmente Michael, porém o garoto, a cada vez que se encontram, precisa ler em voz alta um livro para ela.

No entanto, Hanna acaba se envolvendo com o nazismo e, no futuro, acaba sendo presa e julgada pelos seus crimes. Porém, há mais complexidades do que o espectador pode imaginar. O filme trata do analfabetismo, da justiça, da responsabilidade individual e das consequências do Holocausto dura e friamente.

Kate provavelmente levará para casa a estátua dourada e o filme ainda concorre aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.

Já a segunda produção hoje foi um dos responsáveis por me proporcionar uma longa crise de choro, com direito a soluções e depressã0-pós-filme. Embora eu venha comentando apenas dos filmes oscarizados, "O menino do pijama listrado" não aparece em nenhuma categoria desta edição do Oscar, mas bem que merecia. O filme também fala do nazismo, porém visto pelos olhos de uma criança.

Bruno é uma criança de 8 anos que vê sua vida ser modificado ao se mudar com a família para uma casa no interior, pois seu pai, quie trabalha no exército da Alemanha, foi transferido. No entanto, o menino não sabe que no fundo da fazenda onde passa a morar existe um campo de concentração, com centenas de judeus vivendo. A partir da inocência da infância, Bruno acaba fazendo amizade, através da cerca que separa sua casa, com Shmuel, um menino judeu que mora no campo de concentração. Shmuel veste o uniforme dos presos do campo, porém Bruno acredita que na realidade todos usam, na verdade, pijamas. Por isso o título do filme.

Uma história incrivelmente delicada, bela e triste, que mostra de maneira tocante como o nazismo matou milhares de pessoas que, na realidade, eram iguais a todos os outros. Um filme difícil de ser engolido, indigesto e revoltante. Como arte, perfeito! Mas não é arte, foi a vida real, e isso dói ao assistir.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Como se fosse ontem...


...eu tinha 16 anos, o calendário marcava o dia 5 de fevereiro de 2004, era uma tarde ensolarada. Coloquei minha camiseta azul com coqueiros desenhados, era minha favorita. Abri o livrinho "minutos de sabedoria" em uma página qualquer e lá me disse para seguir meu coração. Menti para minha mãe ao dizer que ia no shopping com meus amigos. Ela nunca imaginaria onde eu estava indo. Peguei um ônibus e fui até a estação Bresser do metrô. Em meu bolso estava as instruções que eu havia escrito, com a ajuda de minha amiga Thati, para conseguir chegar de metrô até o local marcado. Encontrei Thati na estação, ela me reconfirmou o caminho que eu devia fazer, nos abraçamos e ela me deu boa sorte. Passei a catraca com medo. Uma baldiação na Sé, uma baldiação no Paraíso, e finalmente cheguei à estação Consolação. Subi a escada rolante, o sol bateu no meu rosto, o ar movimentado da grande avenida de São Paulo arrepiou meus pelos. Olhei para um lado, olhei para o outro, e lá estava a banca Bruno, o ponto de encontro marcado. O relógio marcava quase 14 horas. Ele não estava lá ainda. Comprei um chiclete. Esperei. Estava ansioso. Era tudo novo. Então ouvi uma buzina. Era ele, sentado em sua moto, tirando o capacete. Ele acenou para mim, fui até ele, nos cumprimentamos. Ele pediu para eu subir na garuba. Coloquei o capacete e subi. Ele acelerou. O vento batia no meu rosto, fazendo-me sentir em um grande filme romântico. Era meu primeiro encontro, o primeiro menino com quem eu saia em toda a vida. Eu estava me descobrindo e ele, Bruno, era peça fundamental para isso. Descemos a Rua Augusta e ele parou para cumprimentar alguns amigos. Fiquei sem graça. Descemos a Frei Caneca. Entramos no shopping. Ele estacionou. Eu estava com vergonha. Fomos ao cinema. Assistimos Encontros e Desencontros. Um filme incrível. Um cara reclamando que estávamos falando no cinema. O filme acabou. Conversamos mais um pouco. Ele me levou ao metrô e nos despedimos. Seria a última vez que eu o veria por muito tempo. Ele me dera a certeza: era esse caminho que eu havia escolhido para minha vida. Exatamente cinco anos atrás.

Um amor no espaço


Hoje tirei minha noite para assistir a um dos desenhos concorrentes ao Oscar. Lembro-me de quando "Wall-e", desenho da Disney/Pixar, estreou nos cinemas, as críticas foram extremamente positivas. Todos diziam que era um desenho inteligente, com tema adulto, fantástico, muito bonito. Confesso que, como bom viciado em desenhos, fiquei entusiasmado para assisti-lo. Porém, o tempo foi passando, passando, passando, e acabei não tomando coragem de ir ao cinema para vê-lo.

Quando saiu a lista dos candidatos ao Oscar, percebi que as críticas positivas ao filme eram realmente bem fundamentadas [ou deveriam ser], afinal a animação concorre a nada menos do que seis estatuetas douradas. Sim, 6 Oscars! "Wall-e" pode conquistar os postos de Melhor Roteiro Original, feito impressionante para um desenho, Melhor Trilha Sonora [realmente fantástica], Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Canção [pela sentimental e apaixonante "Down to Earth", composta por Peter Gabriel e Thomas Newham], além de, lógico, concorrer ao Oscar de Melhor Animação, que deverá dar uma voadora em Kung Fu Panda.

O desenho conta a história de Wall-e, um pequenino robô que mora sozinho [ou melhor, na companhia de sua fiel escudeira, uma barata] em um planeta Terra devastado pela humanidade, humanidade esta que agora vive em uma estação especial. No entanto, depois de uma costumeira inspeção no planeta, realizada por uma robozinha chamada Eva, é encontrado uma pequena muda de planta. No meio da destruição, a muda significaria a possibilidade do repovoamento do planeta.

A partir daí, envolta pela grande aventura de levar a planta até os humanos, na estação espacial, e começar o plano do repovoamento, o desenho apresenta uma das mais lindas histórias de amor já reproduzidas no cinema: o amor do pequeno Wall-e com a robozinha Eva. Talvez se o Oscar conclamasse o melhor casal do ano, com certeza os dois robozinhos ganhariam o prêmio. Os dois personagem encantam, emocionam, dispertam sorrisos e olhos lacrimejados. Com pouquíssimas palavras ditas pelos robôs, o amor dos dois é consagrado com simples chamados de "Wall-e" e "Eva" que ecoam por todo o espaço.

Quando os letreiros começaram a subir eu pude entender porque "Wall-e" é considerado um dos melhores desenhos já produzidos pela Disney/Pixar. Porque o desenho é sincero, é humano, é, engraçado dizer isso de um desenho, mas é real. A partir de hoje ele está no topo da minha lista de "desenhos mais fofos que já assisti". Vale a pipoca!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mais candidatos

Dando continuidade a minha saga cinematográfica dos candidatos ao Oscar 2009, hoje falarei de dois filmes com histórias muito distintas, mas que tem um denominador comum bastante forte: a dúvida. Os protagonistasde hoje no blog são os longas-metragem "Doubt" [Dúvida], escrito e dirigido por John Patrick Shanley, e "Revolutionary Road" [Foi apenas um sonho], de Sam Mendes.



"Doubt" traz uma história delicada e um elenco de grande peso. Não é à toa que quatro das cinco estatuetas que o filme concorre nesta edição do Oscar ficam por conta da atuação de três atrizes e um ator: uma incomparável Meryl Streep, que concorre ao Oscar de melhor atriz no papel da fria e áspera Irmã Aloysius, uma delicada Amy Adams, concorrente ao prêmio de melhor atriz coadjuvante no papel da doce Irmã James, um convicente Philip Seymour Hoffman, candidato à estatueta de melhor ator coadjuvante pelo papel de Padre Brendam Flynn, e uma surpreendente Viola Davis, também concorrente ao Oscar de atriz coadjuvante pela personagem Mrs. Miller.

Aliás, para vocês terem idéia da consagração das atuações, Viola Davis concorre ao prêmio tendo participado de apenas uma cena, menos que 10 minutos de atuação, mas cujos diálogos que a personagem troca com a de Meryl Streep penetram na cabeça e anestesiam o coração.

Baseado na peça de sua própria autoria (vencedora de quatro prêmios Tony), "Doubt" permeia o vão existente entre religião e moralidade, com o confronto de uma freira que acredita que o padre responsável pela região tenha abusado de um jovem negro. A partir desta dúvida, a história se desenrola com uma série de outras dúvidas, fofocas e quase-certezas. O filme aborda a questão de "até que ponto devemos acreditar em algo sem ter certeza? Até que ponto nossa certeza se torna verdade, mesmo sem ser provada? Até que ponto provas são necessárias".

Um verdadeiro show de atuação em assuntos delicadíssimos como o abuso de crianças na igreja e o preconceito racial. Um filme que incomoda com sutileza, principalmente pensado-se nos diversos casos semelhantes que já aconteceram e sempre acontecem na Igreja.



Já "Revolutionary Road" discute não a dúvida para com as outras pessoas, e sim para suas próprias vidas. No caso, as vidas dos dois personagens centrais, o casal Frank e April Wheeler. A produção marca a volta de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet trabalhando juntos, mais de uma década após o sucesso Titanic.

Vivido na década de 50, o filme trata da felicidade do casal a partir do "american way of life", o idealismo de vida criado nos Estados Unidos e difundido intensamente nos quatro cantos do planeta. O casal Wheeler, visto pela sociedade em que vivem como um casal perfeito, uma família única, duas pessoas especiais, quando observados dentro de sua própria casa, percebe-se que não ha tanta felicidade quanto todos pensam. Quando param para olhar para si próprios, a dúvida da real felicidade cai sobre o casal. "Estamos indo na direção certa? Nosso casamento é feliz? Nós somos felizes?".

Leonardo e Kate estão impecáveis em suas atuações e levam o desenrolar da história, muitas vezes bastante parada, facilmente nas costas. Infelizmente e injustamente ambos não receberam indicações ao Oscar de melhores atores [vale lembra que Kate concorre ao de melhor atriz pelo filme "O Leitor", que falarei aqui futuramente]. No entanto, outro ator de dá um show de interpretação, e este sim alçou sua candidatura à estatueta de ator coadjuvante, é Michael Shannon, no papel de um homem com problemas mentais mas que não tem medo de falar a verdade, de provar ao casal Wheeler o quanto eles são infelizes e o quanto se enganam para não morrerem nessa infelicidade. Um sarcasmo, uma ironia e um ar de "eu sei a resposta" impressionantes.

O filme ainda concorre aos Oscars de Melhor Direção de Arte e Melhor Figurido, não sendo favorito em nenhuma das categorias.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Candidatos à estatueta dourada

Neste ano, resolvi tomar vergonha na cara e mergulhar de cabeça em uma das minhas grandes paixões: o cinema. Graças ao fascinante advento da tecnologia, aliado a um ato um tanto quanto ilegal, resolvi baixar da internet todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar 2009. Tudo bem, alguns filmes eu me dei ao luxo de ir ao cinema e desfrutar os benefícios da tela grande. Porém, com a situação financeira de "vacas anoréxicas" que ando passando, a única solução encontrada foi realmente baixá-los em casa. Mesmo porque, muito dos filmes só estrearão no circuito brasileiro depois da cerimônia do Oscar, e desta vez eu quero fazer minhas apostas baseados em meus próprios argumentos, e não puros achismos.

Semana passada já comentei sobre "Quem quer ser um milionário". Hoje, comentarei sobre outros três filmes que estão na disputa de algumas estatuetas: O curioso caso de Benjamin Button, de David Fincher, "A troca", de Clint Eastwood, e "Rio Congelado", de Courtney Hunt.

"Rio Congelado", como o próprio nome diz, é um filmes frio, denso, muitas vezes estático, maduro, sem alegria, sem muito movimento, onde, muitas vezes, vale mais um quase-sorriso no rosto do que meia dúzia de palavras ditas. O filme narra a trajetória de duas mulheres que acabam se aliando para ajudar na travessia de imigrantes ilegais na fronteira do Canadá com os EUA.

A relação da personagem de Melissa Leo, que com todo o mérito concorre ao Oscar de melhor atriz, com a personagem, com Misty Upham é extremamente sutil, mas de uma força e beleza impecáveis. Mas, o grande personagem da história é a própria miséria da região, que mesmo ocultada pelo frio de 20 graus negativos, se torna evidente e tocante.

Já que falei em atuação feminina brilhante, "A troca" é, sem dúvida alguma, o melhor papel da carreira de Angelina Jolie até agora. Não é a toa que a senhora Pitt também concorre à estatueta de melhor atriz da premiação. Angelina, mais do que nunca, mostrou que além de uma das mulheres mais belas do planeta também é uma das melhores atrizes da nova safra do cinema. O filme, vivenciado em 1928, na cidade de Los Angelas, narra a história de uma mãe, que em uma manhã de sábado, ao voltar do trabalho, não encontra mais em casa seu filho Walter, de oito anos. A partir de então, começa uma incessante busca para resgatar o menino. No entanto, a personagem é barraca por um embate com a polícia local, imersa em corrupção e disputas políticas.

O filme representa a insuperável e poderosa força do amor maternal e a determinação de uma mulher que não tem medo de lutar pelo seu objetivo, em uma sociedade machista e corrompida. "A troca", dirigido pelas excelentes mãos de Clint Eastwood, também concorre aos Oscars de Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Reserve lenços de papel para assistí-lo.

A última produção que comento hoje é a única que poderá desbancar "Quem quer ser um milionário" na disputa de melhor filme de 2008. "O curioso caso de Benjamin Button" é tocante, é empolgante, é inteligente, é puro, é ingênuo, é fascinante. Talvez seja essa a palavra: fascinante. Não consigo contar quantas vezes me vi de queixo caído durante a exibição do filme no cinema, e quantas vezes meus olhos, hipnotizados pelo brilho do enredo, se fizeram imersos em lágrimas.

A história narra a trajetória de Benjamin Button, uma criança que nasce com uma desconhecida doença: ela nasceu velha. Velha? Sim, logo ao nascer, a criança apresenta a fisionomia de um senhor à beira da morte. Porém, Benjamin Button, que segundo os médicos estaria predestinado a morrer logo após ao nascimento, inverte a situação, e ao invés de envelhecer, ele começa a rejuvenescer com o passar dos anos.

Brad Pitt está completamente fantástico no papel do protagonista. Com a maquiagem sendo papel fundamental para a história, é impossível olhar para Pitt com a aparência de um senhor de 70 anos e o jeito de uma criança de 5 anos e não se emocionar. Uma atuação impecável e contagiante. Além disso, Cate Blanchett também está brilhante no papel de Daisy, a mulher por quem Benjamin se apaixona.

O filme é o arrasa-quarteirões da 81ª edição do Oscar. Ele concorre a precisamente 13 indicações na premiação, entre elas “Melhor filme”, “Melhor diretor” e “Melhor ator”, para Brad Pitt. Em 80 anos do prêmio, apenas 10 filmes conseguiram tão façanha, e a maioria deles ganhou o grande prêmio.O interessante da seleção de filmes neste edição da premiação é o fato da maioria deles tratar de assuntos que são tão fortes e ao mesmo tempo tão simples, ligados à natureza humana: o amor, a esperança, a luta, a determinação, a amizade, os vínculos de sentimento. Todos os filmes ganham o espectador pelo coração e o transportam para dentro de si mesmos, fazendo com que cada um, sentado à frente da grande tela ou da simples tela do computador, consiga olhar para dentro e pensar nos limites e nas essências do próprio ser humano, deles próprios.

Anote esses três filmes na agenda e não deixe de assisti-los, pois com a tecnologia da internet ou não, vale o preço do ingresso do cinema!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O canudo é meu


Nessa semana, após longos e árduos quatro anos de muita dedicação ao curso de jornalismo, finalmente coloquei as mãos no tão sonhado canudo, segurei nos braços felizes e cansados o tão esperado diploma de comunicação social, pronunciei as tãos aguardadas palavras do juramento. Agora, mais do que nunca, mais do que nos desafios que encontrei na faculdade, do aprendizado da Revista Forbes, do amadurecimento da Revista Viver Bem, da evolução na Revista DOM, mais do que em qualquer matéria, qualquer entrevista, qualquer texto, qualquer contato estabelecido, hoje, mais do que nunca, posso falar com todo o orgulho que tenho: hoje, eu sou jornalista!

Que Deus me ilumine e me acompanhe para que eu possa construir uma carreira brilhante, com muitas conquistas, muitos ideais, muita honestidade e muito trabalho, pois o trabalho é que engrandece o homem e quero deixar de ser um menino de 21 anos e me tornar um grande e valioso homem da imprensa brasileira.

Parabéns a todos os formandos. Nós conseguimos, caráleo!