segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu queria...

Independente de religião, todos têm a sua fé. Uns de forma mais ortodoxa, mais institucional; outros mais subjetiva, menos religiosa, mais filosófica. Mas fé, todos temos. E, como toda pessoa de fé, na hora das dificuldades costumados pedir ajuda ao além. Seja Deus, Alá, Destino, Satã, Inry Cristy ou o que for, mas que nós pedimos, ah, nós pedimos.

Eu mesmo, tenho minha fé. Não me considero religioso, pois atualmente não sigo nenhuma religião, mas ao deitar a cabeça no travesseiro agradeço a Deus pelo dia que passou e sempre peço algo. Seja amor, seja paz, seja saúde, seja a melhor de um parente, seja que o namoro dê certo, seja que me contratem em tal empresa, seja uma nota na escola, seja. É normal pedirmos "aos céus" que uma graça seja concendida. Afinal, teoricamente, é de graça e não custa nada a ninguém (okey, ficam de fora os seguidores fanáticos religiosos e a postura do dízimo, mas enfim). Porém, ontem, ao ouvir uma frase, comecei a repensar esses "pedidos".

Não vem ao caso o filme (pois é uma comédia boba e perderia o sentido real deste texto), mas um personagem começa a explicar como é a resposta de Deus perante a esses pedidos. Quem nunca pediu para ser mais paciente? Eu mesmo já, inúmeras vezes. Porém, ao retratar esse pedido, o personagem trouxe uma teoria interessante. "Deus não vai te dar paciência quando você pedir paciência. Deus irá te dar uma oportunidade, um momento, uma situaçãp específica e VOCÊ poderá exercitar ou não essa paciência". O mesmo para a coragem, o mesmo para a sabedoria, o mesmo para o amor, o mesmo para a saúde.

Entre outras palavras: Deus (ou qualquer força que você acredita ao pedir com os olhos fechados, mãos dadas e afins) não te dá o dom de mão beijada, ele apenas te empresta o manual de instruções para que você consiga "montar seu dom".

Achei interessante essa teoria e, olhando para nosso cotidiano, ela realmente é bastante fundamentada. Não precisamos de dons, de presentes celestiais, de felicidade instantânea e gratuita. Precisamos de oportunidades, oportunidades para lutarmos e vencermos e chegarmos no resultado esperado, seja ele o dom que for. Sabe aquele clichê "o que você pode oferecer à nossa empresa se for contratado?"? Então, a vida é assim. Vivemos em constantes entrevistas de emprego, basta sabermos ler direitinho os manuais de instruções.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em alguma esquina

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

(Se - Alice Ruiz)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Segunda-feia

Dia chuvoso, de pijama e edredon, de gotas de chuva e colheradas de Chambinho, de nostalgia no msn e decepções ao telefone, de conta corrente negativa e roupas empilhadas, de suspiros pela noite anterior e desgosto pela noite seguinte. Segunda-feira-feia.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Aparências

Tentamos sempre impressionar os outros na fantástica dança do acasalamento entre humanos, nem que, para isso, tenhamos que mascarar algumas verdades. Se somos muito ciumentos, no começo dizemos apenas que gostamos de cuidar dos outros. Se somos muito carentes e possessivos, inventamos que temos medo da solidão e não podemos ficar sozinho. Se somos míopes, falamos que enxergamos apenas embassado. Se somos gordos, dizemos que apenas comemos uns chocolatinhos a mais. Se somos baixos, lembramos do clichês dos frascos pequenos e perfumes deliciosos. Se somos egocêntricos, usamos o "se eu não me amar, quem vai fazer isso?". Se somos mão de vaca culpamos a crise. Se somos mão aberta, enaltecemos nosso senso de solidariedade. Eufemismos. No fundo, todos somos tristes, tristes em termos que provar 24 horas por dia o quão felizes nós somos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Cinco patas

Passional, animal racional
Afinal,
por que te faz tão mal
não ser apenas mental?

Ah animal, coração fraco
É fato,
quanto é que te dói
desilusão, não, corrói!

Simples foste...foste
ontem? hoje! hoje...
simples forte
simplesmente
morte, cadê?
e meu norte?

Queima chama,
insana, clama
por resposta irredutível
reduta,
conduta,
discutível!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Com que roupa?

Me diz, me diz, me diz
ponho pijama ou uma calça jeans?
numa noite chuvosa e densa
intensa, tensa? me diz!

Pijama me aprisiona na cama
mas me liberta na vasta coberta
a calça me alça para fora
me diz, você quer ir embora?

Calça descalça e desarma
mas teu sorriso mais ameaça
brilho intenso-sincero
com hífen em tom de protesto

Você me diz que é todo pijama
e eu digo de minha barraca na calçada
você me diz de concerto letra insana
e eu te digo: me diz? me ama!