segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Na fila sem Madonna

Capítulo 1

Sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O relógio marcava 10 e meia da manhã. Cheguei ao meu trabalho após quase duas horas de um trânsito caótico, mas já costumeiro de São Paulo. Atravessar a cidade da Mooca para a Vila Olímpia todos os dias é uma tarefa complicada, mas nesse dia as coisas se tornariam um pouco diferentes. Entro no MSN como sempre faço e assim que fico online já vem a mensagem: “Paulinho, Meu Deus, notícias novas a respeito do show da Madonna...”

Eu, fã convicto, que estava acompanhando tudo o que rolaria desde a confirmação do show até o início das vendas, li com toda a atenção possível o que meu amigo falou, amigo este de Campinas que conheci através da comunidade da Madonna no Orkut. Ele me contou as mudanças nas vendas do show, a liberação de todos os cartões de crédito para um show e tudo o que foi divulgado naquele dia.

Li atentamente aquilo e no final ele disse “...e pelo jeito já tem gente acampando no Credicard Hall desde quarta-feira”. Foi então que o desespero bateu! Eu estava me programando para ir para a fila do Credicard no sábado ou domingo, porque meu objetivo desde sempre era conseguir o tão sonhado ingresso para Pista VIP e ficar o mais próximo de Madonna possível. Não iria tentar comprar pelo site, pois eu sabia o caos que se instaura na Internet quando são vendidos ingressos para um show do porte deste (vide U2) e muito menos pelo call-center porque...bom, é call-center, todos sabem como “pode estar funcionando” o sistema de call-center no país. Era isso! Eu iria acampar e já havia pessoas na fila. Eu precisava me juntar a eles!

Contei para todos no trabalho o que estava acontecendo. Eles sabiam o quão fanático eu sou por Madonna e então, por volta das 14 horas, eu retornei correndo para casa para arrumar as malas e me aventurar no acampamento. Aprontei a barraca com lugar para 6 pessoas, emprestado pelo marido de minha prima, aprontei o colchonete desenterrado das profundezas de minha casa por minha mãe, aprontei roupas para passar 6 dias na rua, arrumei lanterna para suprir meu medo pelo escuro, arrumei salgadinhos, garrafa d’água, celular, bloco de anotações e tudo o que eu considerava essencial para o kit “sobrevivência na Marginal Pinheiros”.

Dei tchau para meu pai, ele me respondeu “você é louco”, dei tchau para minha mãe, ela respondeu “prefiro não comentar o que você está fazendo”, dei tchau para minha cachorra, ela não entendeu muito bem. Eu nunca havia visitado o Credicard Hall e as indicações que peguei pelo site da SP Trans pouco me deixavam confiante de que seria uma ida fácil. Mochila nas costas, barraca e mala nas mãos e fui para o metrô. Era sexta-feira, quase 16h, eu precisaria chegar ao Credicard Hall antes do anoitecer, pois sabia que a região era perigosa e eu não fazia a mínima idéia do que iria encontrar. Sem pensar nas conseqüências, entrei no primeiro vagão do metrô.

Um comentário:

Tha Basile disse...

"dei tchau pra minha irmã, e..não, não dei tchau porque ela já tinha rido bastante da minha cara por estar indo acampar na marginal pinheiros"