quarta-feira, 22 de abril de 2009

O peixe e a vara


O peixe, de vítima como é visto pelos vitimadores, de nada vítima é na realidade. O peixe traça a isca, devidamente presa pelo pescador, enganado pela presa tão facilmente presa naquele anzol. O anzol se mascara, se ilude, iludindo o pobre peixe que na frente só vê a isca. O pescador sente o peso da vítima, vitimada objetivamente por ele, e então resolve puxar com toda a força qe possui dentro de sua vontade. O peixe vai sendo içado, com a iça, com o anzol, pela vara. Pobre do peixe que foi enganado. Pobre do pescador que acredita enganar. Mas o peixe, ensandecido pela ira de ter sido enganado, de ter saido içado pela isca camuflada, sabe de sua força, sabe que também a vontade em seu objetivo. O peixe sabe que se fizer força, pode arrancar a isca, o anzol, a bóia, a linha. Sobrará a vara e o pescador vitimador que engana-se ao acreditar que enganou o peixe. Está na boca, na garganta, nas entranhas, a vontade, a sabedoria de saber que tens o poder. Ambos o tem. Ambos necessitam trabalha-lo. A força de içá-lo antes que a isca seja içada junto com o resto. A vara pode estourar ou o peixe pode morrer. Talvez. Vara de um lado, peixe do outro. No centro, o caminho, a decisão, o destino.

Um comentário:

rnt disse...

"Sobrará a vara e o pescador vitimador que engana-se ao acreditar que enganou o peixe. Está na boca, na garganta, nas entranhas, a vontade, a sabedoria de saber que tens o poder. Ambos o tem. Ambos necessitam trabalha-lo."

Incrível!