quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Caixa de lembranças

Todos têm, em algum lugar de nossas casas, muitas vezes guardado a sete chaves, um cantinho das lembranças. É aquele lugar, aquela caixa, aquele saco, aquela gaveta onde estão memórias de um passado muitas vezes difícil de ser apagado. É uma fotografia daquele momento inesquecível, uma aliança corroida pelo tempo, uma carta amarela que ainda preserva aquele perfume, um presente, um bilhete, um mísero pedaço de lembrança que só de lembrá-lo nos transporta novamente para anos atrás.

E como é difícil jogar fora tudo isso, não é mesmo? Prova disto é a lágrima que escorre ao vasculhar pelo cantinho das lembranças. O sentimento até pode ter passado, o amor, o rancor, o ódio, a saudades, a vontade, o desejo, o sonho; porém a lágrima continua salgada, pesada, triste, fria! E é tão difícil enxugá-la quanto nunca mais fazê-la escorrer.

Eu tenho uma caixa de madeira com meu passado, escondida dentro de meu guarda-roupas. Nela tenho dezenas e mais dezenas de cartas, de amores, de amigos, de família, de admiradores, de pessoas que se perderam no tempo. Nela tenho fotografias, com sorrisos completos, com olhares perfeitos, com simetria e nostalgia. Nela tenho duas alianças que vez ou outra ainda as coloco no dedo, apenas para sentir novamente o tintilar do ferro do meu dedo. Nela tenho bilhetes de viagens, flyers de restaurantes, tickets de peças de teatro e de cinema, mapas de roteiros, guardanapos desenhados, cartões-postais com dedicatórias.

Nesta caixa tenho anos e mais anos de uma vida muito feliz, uma vida apaixonada, um vida de aventuras, de amigos, de amores, de sentimentos, de sensações, de crises de riso e de choro, de beijos e abraços esquecidos, de silêncios imortais e conversas infinitas. Esta caixa, esses poucos centímetros quadrados revestidos de madeira macia, contém algo que hoje me faz ser esta pessoa forte que sou: minha evolução.

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