quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Gota por gota

Uma vez aprendi com um diretor de cinema que muitas vezes cenas de chuva são usadas para mostrar a mudança de uma história. Então vou te pedir uma coisa: toda vez que você ouvir a chuva cair, lembre do meu beijo selado embaixo da chuva protegidos em meu carro, pense que nossa história também mudou quando nos encontramos naquele sótão silencioso, que por cima das telhas frias, as mesmas gotas de chuva nos molhavam e nos aproximavam!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Caixa de lembranças

Todos têm, em algum lugar de nossas casas, muitas vezes guardado a sete chaves, um cantinho das lembranças. É aquele lugar, aquela caixa, aquele saco, aquela gaveta onde estão memórias de um passado muitas vezes difícil de ser apagado. É uma fotografia daquele momento inesquecível, uma aliança corroida pelo tempo, uma carta amarela que ainda preserva aquele perfume, um presente, um bilhete, um mísero pedaço de lembrança que só de lembrá-lo nos transporta novamente para anos atrás.

E como é difícil jogar fora tudo isso, não é mesmo? Prova disto é a lágrima que escorre ao vasculhar pelo cantinho das lembranças. O sentimento até pode ter passado, o amor, o rancor, o ódio, a saudades, a vontade, o desejo, o sonho; porém a lágrima continua salgada, pesada, triste, fria! E é tão difícil enxugá-la quanto nunca mais fazê-la escorrer.

Eu tenho uma caixa de madeira com meu passado, escondida dentro de meu guarda-roupas. Nela tenho dezenas e mais dezenas de cartas, de amores, de amigos, de família, de admiradores, de pessoas que se perderam no tempo. Nela tenho fotografias, com sorrisos completos, com olhares perfeitos, com simetria e nostalgia. Nela tenho duas alianças que vez ou outra ainda as coloco no dedo, apenas para sentir novamente o tintilar do ferro do meu dedo. Nela tenho bilhetes de viagens, flyers de restaurantes, tickets de peças de teatro e de cinema, mapas de roteiros, guardanapos desenhados, cartões-postais com dedicatórias.

Nesta caixa tenho anos e mais anos de uma vida muito feliz, uma vida apaixonada, um vida de aventuras, de amigos, de amores, de sentimentos, de sensações, de crises de riso e de choro, de beijos e abraços esquecidos, de silêncios imortais e conversas infinitas. Esta caixa, esses poucos centímetros quadrados revestidos de madeira macia, contém algo que hoje me faz ser esta pessoa forte que sou: minha evolução.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aquele sentimento

Eu sinto falta de amar, daqueles momentos bestas de quando se ama, como o frio na barriga quando o telefone toca ou aquele papel de bombom guardado na agenda para lembrar do dia em ele foi dado por comemorar, sei la, duas semanas de namoro. Quando foi a última vez que eu escrevi uma carta contando que eu amava a pessoa e, mesmo ela já sabendo do meu amor, passava meu perfume na carta para ela sempre lembrar de mim?

Quando a gente ama, uma das fases mais deliciosas de nossa vida volta à tona: a infância. Nos sujamos com mostarda no Mc Donalds e temos ataques de risos em um jantarzinho rápido numa quarta-feira chuvosa só para matar as saudades. Nos colocamos apelidos bobos, mas se tornam as palavras mais deliciosas de serem ditas. Brincamos de fazer cócegas, vamos assistir comédia no cinema, nos jogamos água na piscina, fritamos rosquinhas durante uma madrugada que os pais viajaram e a casa ficou vazia.

Até os clichês pseudo românticos se tornam necessários, como o "ligar toda noite para dar boa noite", ou "lembrar do dia do primeiro beijo, da primeira transa, do primeiro mês, de onde foi pedido o namoro, onde foi comemorado o aniversário de namoro, qual o primeiro presente". Tem aquele momento marcante da primeira vez que é dito "eu te amo". Nossa, esse momento é fantástico, nenhum dinheiro do mundo conseguiria comprá-lo.

O amor não se incomoda com a pancinha de chopp, com o ronco, com a dualidade de um comer só maionese e o outro ser tarado por ketchup, com a espinha no nariz, com o cigarro fumado. Pode se incomodar com aquele amigo que quer leva-lo sempre para a balada, ou aquele ex chato que insiste em reaparecer, ou até mesmo aquela foto sem camisa que ele colocou no orkut e um monte de gente comentou. Mas o amor vence, e transforma a dificuldade em risada.

Se tudo isso não acontece, não é amor, não são as 3 palavrinhas reais. É paixão, é comodismo, é vunerabilidade, é euforia. Amor é calmo, amor completa, amor começa, amor compartilha.

É...amor...sinto saudades de ter você na minha vida!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu queria...

Independente de religião, todos têm a sua fé. Uns de forma mais ortodoxa, mais institucional; outros mais subjetiva, menos religiosa, mais filosófica. Mas fé, todos temos. E, como toda pessoa de fé, na hora das dificuldades costumados pedir ajuda ao além. Seja Deus, Alá, Destino, Satã, Inry Cristy ou o que for, mas que nós pedimos, ah, nós pedimos.

Eu mesmo, tenho minha fé. Não me considero religioso, pois atualmente não sigo nenhuma religião, mas ao deitar a cabeça no travesseiro agradeço a Deus pelo dia que passou e sempre peço algo. Seja amor, seja paz, seja saúde, seja a melhor de um parente, seja que o namoro dê certo, seja que me contratem em tal empresa, seja uma nota na escola, seja. É normal pedirmos "aos céus" que uma graça seja concendida. Afinal, teoricamente, é de graça e não custa nada a ninguém (okey, ficam de fora os seguidores fanáticos religiosos e a postura do dízimo, mas enfim). Porém, ontem, ao ouvir uma frase, comecei a repensar esses "pedidos".

Não vem ao caso o filme (pois é uma comédia boba e perderia o sentido real deste texto), mas um personagem começa a explicar como é a resposta de Deus perante a esses pedidos. Quem nunca pediu para ser mais paciente? Eu mesmo já, inúmeras vezes. Porém, ao retratar esse pedido, o personagem trouxe uma teoria interessante. "Deus não vai te dar paciência quando você pedir paciência. Deus irá te dar uma oportunidade, um momento, uma situaçãp específica e VOCÊ poderá exercitar ou não essa paciência". O mesmo para a coragem, o mesmo para a sabedoria, o mesmo para o amor, o mesmo para a saúde.

Entre outras palavras: Deus (ou qualquer força que você acredita ao pedir com os olhos fechados, mãos dadas e afins) não te dá o dom de mão beijada, ele apenas te empresta o manual de instruções para que você consiga "montar seu dom".

Achei interessante essa teoria e, olhando para nosso cotidiano, ela realmente é bastante fundamentada. Não precisamos de dons, de presentes celestiais, de felicidade instantânea e gratuita. Precisamos de oportunidades, oportunidades para lutarmos e vencermos e chegarmos no resultado esperado, seja ele o dom que for. Sabe aquele clichê "o que você pode oferecer à nossa empresa se for contratado?"? Então, a vida é assim. Vivemos em constantes entrevistas de emprego, basta sabermos ler direitinho os manuais de instruções.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Em alguma esquina

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

(Se - Alice Ruiz)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Segunda-feia

Dia chuvoso, de pijama e edredon, de gotas de chuva e colheradas de Chambinho, de nostalgia no msn e decepções ao telefone, de conta corrente negativa e roupas empilhadas, de suspiros pela noite anterior e desgosto pela noite seguinte. Segunda-feira-feia.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Aparências

Tentamos sempre impressionar os outros na fantástica dança do acasalamento entre humanos, nem que, para isso, tenhamos que mascarar algumas verdades. Se somos muito ciumentos, no começo dizemos apenas que gostamos de cuidar dos outros. Se somos muito carentes e possessivos, inventamos que temos medo da solidão e não podemos ficar sozinho. Se somos míopes, falamos que enxergamos apenas embassado. Se somos gordos, dizemos que apenas comemos uns chocolatinhos a mais. Se somos baixos, lembramos do clichês dos frascos pequenos e perfumes deliciosos. Se somos egocêntricos, usamos o "se eu não me amar, quem vai fazer isso?". Se somos mão de vaca culpamos a crise. Se somos mão aberta, enaltecemos nosso senso de solidariedade. Eufemismos. No fundo, todos somos tristes, tristes em termos que provar 24 horas por dia o quão felizes nós somos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Cinco patas

Passional, animal racional
Afinal,
por que te faz tão mal
não ser apenas mental?

Ah animal, coração fraco
É fato,
quanto é que te dói
desilusão, não, corrói!

Simples foste...foste
ontem? hoje! hoje...
simples forte
simplesmente
morte, cadê?
e meu norte?

Queima chama,
insana, clama
por resposta irredutível
reduta,
conduta,
discutível!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Com que roupa?

Me diz, me diz, me diz
ponho pijama ou uma calça jeans?
numa noite chuvosa e densa
intensa, tensa? me diz!

Pijama me aprisiona na cama
mas me liberta na vasta coberta
a calça me alça para fora
me diz, você quer ir embora?

Calça descalça e desarma
mas teu sorriso mais ameaça
brilho intenso-sincero
com hífen em tom de protesto

Você me diz que é todo pijama
e eu digo de minha barraca na calçada
você me diz de concerto letra insana
e eu te digo: me diz? me ama!

sábado, 29 de agosto de 2009

Estrelas

- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...
- Que queres dizer?
- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem. E tu terás estrelas que sabem rir.
E ele riu mais uma vez.
- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto... E teus amigos ficarão encantados de ouvir-te rir, olhando o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" E eles te julgarão maluco. Será uma peça que te prego...

(Antoine de Saint-Exupéry - O Pequeno Príncipe)