terça-feira, 27 de maio de 2008

Uma semana inesquecível

Pela primeira vez na vida, senti a Semana do Orgulho GLBT de São Paulo extremamente de perto. Por trabalhar na Revista DOM - De Outro Modo, fui encarregado, juntamente com o resto da redação, a trabalhar nos eventos que antecedem a Parada. No decorrer do feriado fui a baladas (The Week e Flexx), à Feira Cultural GLBT, na Praça da Repúblico, a coletivas de imprensa, ao Gay Day e, lógico, a própria parada.

Não quero fazer uma análise - não hoje - de todos esses eventos. Hoje quero comentar apenas sobre um dia, um único dia dentre os vários de festa, que resume o clima que eu gostaria de sentir todos os dias: o Gay Day, sábado, no Playcenter.

Durante toda a programação do parque, eu via nos rostos das pessoas o reflexo da felicidade, da liberdade delas serem o que realmente são, sem medo, sem vergonha. Vi homens andando de mãos dadas com homens, mulheres dando beijo na bocas de mulheres, famílias andando lado-a-lado de grupos de homossexuais.

Perguntei para uma senhora se ela sabia que seria realizado o Gay Day no Playcenter, e ela disse que não. Então perguntei o que ela estava sentindo e sua resposta me deixou emocionado: "Sabe filho, eu to com medo mesmo é da montanha-russa. O resto, está tudo ótimo".

Sim, estava tudo ótimo. Todas as 8 mil pessoas que frequentaram o parque naquele dia saíram pelos portões, lá pelas 9 horas da noite, com um sorriso de satisfação. Elas riram, se molharam no Aimea, ficaram tontas do Cataklisma, bagunçaram os cabelos no Turbo Drop e dançaram horas seguidas ao som dos DJs convidados.

O clima de descontração me emocionou. Sentei em determinado momento, sozinho, em silêncio, e fiquei pensativo. Meus olhos lacrimejaram. Por que é tão difícil? Todas aquelas pessoas querem apenas ser felizes, querem ter sua vida sem atrapalhar a dos outros. Por que os outros querem barrar sua felicidade? Olhem de perto. É tudo tão simples, tão fácil, tão bonito. Será que um dia não precisaremos mais de um gay day, e todos os dias serão nesse clima? A lágrimas escorreu sem resposta. Mas sei que saí do parque com a sensação de alma lavada.

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