sábado, 9 de agosto de 2008

20 e poucos anos

Terça-feira, 5 de agosto, Rua Frei Caneca

Começarei sem rodeios, introduções, comparações, metáforas ou qualquer simples piadinha. É o que sinto: estou entendendo o que é amadurecer. Sinto o peso dos anos que se passaram. Sinto a necessidade, outrora infantilizada, agora mais do que real, de se usar no cotidiano expressões como "na minha época". Sinto momentos fantásticos/temidos de nostalgia, de lembranças, de ex-sentimentos, ex-momentos.

Muitos são os motivos para que esta minha semana tenha sido tão emocionalmente explorada. Um deles, em especial, é o contato com um amigo que pude conhecer - e ganhar sua tão deliciosoa amizade. Ele tem 18 anos, recém completos. Eu tenho 21. São apenas 3 anos de diferença, mas um mundo, um universo, um cosmos de distância entre o que eu já vivi e o que ele já viveu. Por outro lado, olho para ele e vejo minha imagem refletida.

Vejo um Paulinho ingênuo, medroso e puro pegando o metrô pela primeira vez sozinho, com um mapinha para entender como chegar na estação..."como é o nome onde tenho que descer Thati?", "Consolação Paulo, lá na Paulista", "Mas tem várias saídas ou é só sair", "Só sair". "Vai com cuidado, por favor, me liga depois

Vejo um Paulinho entrando pela primeira vez em uma balada gay, vendo pela primeira vez homens se beijando na frente de todos, ouvindo pela primeira vez música..."É eletrônica?", "Isso, Paulinho", chegando pela primeira vez muito de madrugada em casa, mentindo pela primeira vez para a mãe por onde passou a noite.

Vejo um Paulinho apaixonado, com medo de que terminem o namoro com ele, olhando constantemente para o celular, esperando o momento do sonhado nome aparecer na tela, um Paulinho que acredita no final feliz, um Paulinho que sonha com histórias de amor, um Paulinho que tinha medo de gostar de alguém.

Ao ver esse Paulinho na imagem do meu amigo, sinto novamente um pouco esse Paulinho. Ao me rever, me reencontro. E cada partícula de sensação que um dia já senti agora volta intensamente e, bem mais madura, para minha vida.

Madura? Sim, é isso, amadureci. Sabe que não dói tanto quanto eu imaginava que doeria anos atrás. Como mesmo cheguei a comentar ontem em alguma parte do meu dia: "sou cachorro velho Lu, sou cachorro velho".

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