sexta-feira, 19 de março de 2010

Um último latido



Lembro-me de cada sensação, de cada detalhe...

Era uma terça-feira, feriado de 7 de setembro de 1999, Independência do Brasil. Eu e minha família voltávamos de viagem do interior, após dias muito gostosos de descanso. O carro foi estacionado na garagem, as malas foram sendo retiradas e, ao olhar para o outro lado da rua, eu
a vi. Lá vinha ela, pequena, branquinha, de orelhas champagne, com o tamanho de uma palma, frágil, alegre. Lá vinha ela ao lado de meu vizinho, uma pequena poodle filhote, uma criancinha pedindo colo e carinho.

Meu vizinho "tem 2 meses e pouco essa filhote, deu cria a cachorra lá do sítio...". E ela me olhou e veio na minha direção, como uma cachorrinha de pelúcia. Pulou no meu pé. Eu abaixei. Ela foi para meu colo. Olhei para minha mãe e ela me respondeu com o olhar "sem chances!". Minha mãe sempre teve muito medo de cachorros e eu sabia que jamais teria um em casa.

Mas tentei de novo "mãeeee...só essa noite...". "Sem chances". "Marisa, deixa ela dormir ai na sua casa essa noite só, sem compromisso, deixa o Paulinho brincar com ela essa noite". "Sem chances...tá bom, só essa noite". Embora ninguém afirmasse, todos já sabiam que aquele pequeno floco de neve jamais sairia daquela casa, casa que seria seu lar pelos próximos 10 anos e meio a partir dali.

Foram momentos únicos, de pega-a-bolinha, de corre-atrás-das-borboletas, de brincar-de-morder, de fingir-uivar-que-nem-lobos, de me-pegar-na-escola, de brincar-de-pega-pega, de tantos e tantos e tantos momentos deliciosos. Ela foi muito feliz e nos fez muito feliz.

Hoje ela foi brincar com os outros animais lá no céu e nós, aqui embaixo, sabemos o quanto amamos essa pequena gordinha, o quanto ela foi importante para nossa família, o quanto jamais a esqueceremos. Babi, você tem a eternidade agora para latir alegremente. Fique com Deus!

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