domingo, 21 de junho de 2009

Respostas frias de dezembro

Temos medo de nos apaixonarmos. Sabe aquele medo do nada que, no fundo, sabemos que temos medo pois este nada na realidade é tudo. Medo de perdemos a razão, os sentidos, os eixos. E então vem a saudade, fria, triste, solitária e impiedosa. Saudades. Do tempo que passou, mesmo sem passar. Das coisas que perdemos, mesmo elas estão lá, na cabeceira da cama. Os dias frios de sol inquieto me deixam com saudades. Não saudades desses mesmos dias, mas saudades e ponto. Saudades sem explicação. A saudades dos amigos que se vão. E eles se vão, não adianta negar. Saudades dos amores que se vão. Um dia, dói, mas eles se vão. A saudades do próprio ato de sentir saudades. Saudades? Ruim? Saudades. E no escuro, no silêncio respeitoso pelo falar daqueles que estão lá para falar, eu toco minha mão suada na sua perna. Eu te olho, sem você perceber. Eu desejo, eu sonho, eu já sinto saudades. Saudades pois sei que logo tua perna, que agora eu toco, agora já se foi. A noite chegou, o frio baixa, e o último abraço é dado. Mas nossos encontros são incríveis e inesquecíveis como os grandes clássicos do cinema: entre olhares, risadas e bochechas coradas, e terminam com um beijo ingênuo. Saudades. Nostalgia me incomoda e me conforta. Fazia tempo que eu não tocava um joelho, que eu não corava minhas bochechas, que eu não tinha medo de abrir a boca e não calcular cada letra de cada palavra de cada frase de cada conversa. Antes, fluía naturalmente. Agora, me escorrem gotas de medo de que alguma dessas sílabas denunciem o que meus olhos já explicitam. Saudades.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cidade-luz-minha

Um dia conhecerei Paris. Sim, isso tenho certeza. Não sei quando, não sei como, nem se com alguém. Nem sei se pisarei nas terras francesas sem falar sequer uma palavra da língua romântica. Mas eu sei que conhecerei Paris. Não só sei que conhecerei, mas sei que terei um lindíssimo caso de amor com Paris. Nos abraçaremos nas ruas, dividiremos mesas nos cafés, nos enrolaremos nos cachecóis, nos emocionaremos com as vistas, com o gostos, os cheiros, os olhares. Paris será um grande amor, uma grande história, Paris será meu divisor de águas, meu conquistador. Se há um sentimento que eu ainda preciso viver nesta vida, entre tanto outros que tenho em mente, está este: me apaixonar por Paris. Eu irei, eu sei, está escrito, eu escrevi.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Castelos e príncipes

"Eu dava um cavalo branco para aquele príncipe, eu dava um castelo, eu dava uma bruxa e um dragão para ele matar, eu dava tudo isso e mais as quele pedisse, mas ele não queria, eu acho que ele não queria... eu acho. E eu não tive tempo de dizer que? quando a gente precisa muito que alguém fique com a gente, a gente constrói qualquer coisa: até um castelo" (Caio Fernando de Abreu)

Sentimento doado por Renato Vicente, o Pequeno Princípe, meu príncipe afável dos cabelos de ouro, ouro que me lembro quando lembro dos campos de trigo que talvez eu nunca tenha visto, mas já sentido, talvez, numa mesa de bar, entre cervejas e cigarros, entre olhares escondidos e sorrisos avergonhados e questionamentos e filosofias e eu e ele.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O peixe e a vara


O peixe, de vítima como é visto pelos vitimadores, de nada vítima é na realidade. O peixe traça a isca, devidamente presa pelo pescador, enganado pela presa tão facilmente presa naquele anzol. O anzol se mascara, se ilude, iludindo o pobre peixe que na frente só vê a isca. O pescador sente o peso da vítima, vitimada objetivamente por ele, e então resolve puxar com toda a força qe possui dentro de sua vontade. O peixe vai sendo içado, com a iça, com o anzol, pela vara. Pobre do peixe que foi enganado. Pobre do pescador que acredita enganar. Mas o peixe, ensandecido pela ira de ter sido enganado, de ter saido içado pela isca camuflada, sabe de sua força, sabe que também a vontade em seu objetivo. O peixe sabe que se fizer força, pode arrancar a isca, o anzol, a bóia, a linha. Sobrará a vara e o pescador vitimador que engana-se ao acreditar que enganou o peixe. Está na boca, na garganta, nas entranhas, a vontade, a sabedoria de saber que tens o poder. Ambos o tem. Ambos necessitam trabalha-lo. A força de içá-lo antes que a isca seja içada junto com o resto. A vara pode estourar ou o peixe pode morrer. Talvez. Vara de um lado, peixe do outro. No centro, o caminho, a decisão, o destino.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Os dois patos

Eu não emagreço tão mais fácil quanto emagrecia anos atrás.
Por outro lado, eu entendo os olhares e as intenções das pessoas cada vez mais.
Não tenho mais aquele romantismo desenfreado que eu tinha na adolescência.
Mas também agora sei selecionar muito melhor meus relacionamentos amorosos.
Não sou tão mais impulsivo como sempre costumei a ser.
Porém não deixo de acreditar nos finais felizes surgidos do acaso.
Não sou mais estudante.
Mas também agora tenho uma carreira profissional a zelar.
Não sou mais dependente.
Porém cada vez mais dependo do salário para pagar as contas que surgiram.
Não tenho mais volume gigantesco de cabelo.
No entanto as pessoas estão mais interessadas no meu falar do que nos meus cachos.
Não tenho mais ciumes.
Aprendi a ser mais seguro.
Continuo com uma família que ama absurdamente.
Mesmo assim já penso em sair de casa.
Não tenho os mesmos amigos de cinco anos atrás.
Mas tenho amigos que estarão comigo nos próximos cinco.
Não sonho mais tão alto.
Porém realizado mais sonhos baixos.

Amanhã sem concretizam 22 anos de ariano que vivi nesta Terra. Cresci e continuo crescendo. Que bom. Que bom.

domingo, 29 de março de 2009

Confissões filosóficas

- quem és?
- por enqto me conte o que é bom em vc!

Paulinho: quem sou? pergunta complicada. Sou teimoso, sou exagerado como todo bom ariano, sou romântico, sou completamrente mão aberta, sou amante da tecnologia, da cerveja em boteco, de sair pra dançar, de dirigir o carro do meu pai ouvindo música, sou preocupado com meu peso e nunca faço nada pra muda-lo, sou impaciente, sou ansioso, impulsivo ate demais, sou comilão ao extremo, sou alguem q gosta de comandar, sou competitivo, sou crianção, sou meio ciumento, sou meio solitário
meio ninfomaniaco
meio irritante
sou alguém q foi assaltado pela primeira vez na vida sábado passado
sou reporter de uma revista gay
sou adotado
esse sou eu

- é dificil amar quem tem asas...

Paulinho: pelo contrario
quem tem asas ama mais
voa mais, se entrega mais
vai a lugares difíceis de serem encontrados
a lugares altos, azuis, com nuvens

- Me diz um sonho teu.

Sonhos? Não tenho sonhos grandiosos, sou meio clichê quanto a sonhos.
Sonho em ter uma relacionamento sério e morar com a pessoa num apartamento alto, com uma sacada com uma bela vista, sonho em conhecer Paris, em falar várias línguas, sonho um dia em ter coragem e vergonha na cara de emagrecer, sonho em ter uma girafa de verdade em um sítio e abraçar seu pescoço, sonho em fazer um mochilão pela america latina..ixi, tantos sonhos de ariano.

- eu tenho te esperado ha tanto tanto, tanto tempo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

A injustiça anda de bicicleta

Eram 10 horas da noite. Eu acabara de desembarcar na estação Consolação do metrô. A noite estava calma, silenciosa, um vazio estranho e desconcertante. Girei a catraca e me dirigi à escada rolante. Meu amigo me ligou avisando que iria atrasar uns 40 minutos. Achei melhor dar uma volta pela Paulista, a avenida que sempre me acolhera em tantos momentos de minha vida. A Avenida em que eu me sentia em casa, respeitado, me sentia confortável. Desembarquei na paulista. O semáforo da Rua Augusta estava fechado. Esperei. "Meus amigos podem estar no bar da loca, acho que vou ligar para esperar meu outro amigo com eles". Foi o que pensei. Atravessei o cruzamento e disquei para um amigo. Ele atendeu. Era sempre bom ouvi-lo com muito burburinho de fundo. "Ele está no bar então, certeza!". Fui caminhando pela calçada da Avenida Paulista. À frente do Banco Safra veio o susto, o momento pelo qual até então eu não havia passado, um medo que não me dava medo pelo soberba de acreditar que jamais aconteceria comigo. Eu avistei a bicicleta vindo rapidamente em minha direção. Um menino negro, mal-encarado, vestido num blusão bastante popular vermelho, olhos fumegantes. Em frações de segundo, desviando das outras pessoas que passeavam pela calçadas, ele chegou ao meu lado. Tudo foi muito rápido. Como uma flecha, ele arrancou o telefone de minhas mãos. Em minha cabeça soava a última palavra dita por meu amigo, a última palavra indo embora nas mãos daqueçe marginal, que rapidamente se dirigiu à esquina e virou na Rua Augusta. Assustado, desnorteado, tomado por uma paralisia momentânea apenas consegui olhar para trás e ver a bicicleta indo embora do alcance de minha vista, rápida, cruel, ríspida. Os olhos me olharam por uma última vez, opressores, ameaçadores. Me diziam "não grite, não venha atrás de mim, deixe-me ir e você ficará ileso". Foi o que fiz. Tremi. Peito apertado. Mãos suando. Eu havia sido assaltado pela primeira vez. Meu celular, velho companheiro de tantas conversas, havia me deixado, partido, roubado. Eu estava impotente, injustiçado, ridicularizado. Era meu primeiro assalto e eu queria apenas chorar.

domingo, 15 de março de 2009

Porta aberta



A privacidade é um dos direitos do ser humano, o direito de fazer algo privado, algo só seu, algo que ninguém esteja olhando, observando, algo secreto, algo natural, errado ou não, que só dirá respeito a uma única pessoa: você. Para isso, criaram-se códigos de privacidade, como portas, cortinas, senhas, cartões, vidros filmados, e tantas outras barreiras do mundo público para com o mundo privado.

No entanto, agora vivemos em uma nova era, uma era internética onde a privacidade não é mais um direito, apenas um adicional que, muitas vezes, nem é assim tão utilizado. Temos uma senha para entrar no Orkut, uma senha privada, porém lá expomos nossa vida para toda a rede. Temos uma senha para o Twitter, porém contamos na página até quando vamos fazer cocô. Temos uma senha para um Fotolog, mas lá publicamos as fotos mais sórdidas dos momentos mais sórdidos. Criamos as portas, mas literalmente cagamos com ela aberta.

Afinal, somos privados para sermos públicos?

segunda-feira, 9 de março de 2009

Faltam 40 dias...

...para meu tão esperado aniversário de 22 anos (tão esperado quanto foi o de 21, o de 20, 19...) e, enquanto isso, me delicio com meu inferno astral que acaba de começar!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Duas portas

Duas portas
Grande distância
Enorme instância
De algumas respostas

Perigosa relação
Olhares cruzados
Beijos trocados
Delicada descrição

Quero-te por inteiro
Não apenas no silêncio
Mas ao som inteiro

Desejo-te abertamente
Sem me esconder ou te esconder
Para nossa felicidade, eminente!