quinta-feira, 12 de junho de 2008

Quem tem medo do dia 12 de junho?

Tudo bem, todos nós sabemos que por trás dessa data tão romântica e esteriotipada, cheia de clichês, na verdade, o que realmente funciona é uma puta indústria capitalista que transforma os namorados em simples consumidores. Ir jantar num restaurante = comércio. Ir foder num motel = comércio. Comprar presentes carésimos = comércio. É uma das datas do ano que mais movimentam dinheiro nesses segmentos. Okey, eu poderia ficar falando essas coisas e todos pensariam "tá, ele diz isso porque não está namorando esse ano". Concordo. Então vou recordar um pouco dos dias dos namorados que já passei e vocês vão perceber que eu sou, ou melhor, já fui, o maior consumidor que existe.

4 anos atrás. Meu primeiro namoro. Eu tinha 17 anos. Apaixonado por um modelo que eu havia conhecido por completa obra do destino. Eu não percebia que ele era completamente whatever comigo. Quem percebe isso quando se está apaixonado? Então, mesmo não esperando nada em troca, comprei um puta coração de pelúcia (/clichê), escrevi uma carta toda melosa (/clichê 2) e coloquei num pacote bem lindo com um laço vermelho (/cichê 3). Liguei e disse para a gente se encontrar. "Ahh, mas tem que ser rapidinho, hoje to meio ocupado". Conclusão: dei o presente para ele no metrô, ele abriu, falou "que legal", enfiou na mala e foi embora. No dia seguinte terminou comigo dizendo que tinha que morar na Inglaterra por 6 meses e que não daria para levar o namoro adiante. Chorei, esperniei, fiquei muito mal. Entendi que era o trabalho dele, então superei. Duas semanas de sua "partida" o encontro na balada enchendo a cara e beijando outras pessoas. Conclusão: um porre de tequila para esquecer o quanto uma pessoa podia ser filha-da-puta.

3 anos atrás. No auge dos meus 18 anos. Apaixonado por um menino que era perfeito, éramos extremamente parecidos, nos amávamos, nos tratávamos como maridos. Fazia pouco mais de 1 mês que estávamos namorando. Montei uma caixa de papelão de quase 1 metro de altura por 1 de largura, enchi de bexigas de coração até o topo (/cliche 4), coloquei dois porta-retratos com nossas fotos no fundo (/clichê 5), uma caixa de bombons (/clichê 6), um cd com "nossas músicas (/clichê 7) e uma cara de amor. Ele amou o presente, ficou todo com cara de bobo. Ele me deu um porta-retrato de madeira que disse que tina construído. Mal sabia eu que ele havia ganhado de presente e não tinha gostado, por isso que me deu, mas enfim. Tivemos uma noite ótima, jantamos no shopping com nossos amigos, tudo lindo e maravilhoso. Duas semanas depois ele terminou comigo, inventando um monte de coisas para encobrir que ele, na verdade, estava me trocando por um carinha "mais bonito" que eu.

2 anos atrás. Agora com meus 19 anos. Namorava o cara que mais amei na vida, o cara que mais me fez feliz, o namoro mais duradouro. Dei para ele uma caixa com várias penas e plumas e dentro uma algema de pelúcia vermelha. Lógico, entreguei o presente no motel. Ele me deu o livro "O diabo veste Prada", que eu estava super afim de ler. Eu amei na hora, não esperava ganhar um presente. Foi uma ótima noite no motel. Pela primeira vez tive um dia dos namorados sem pós-comemoração traumática (demoraria uns 7 meses para ela chegar).

1 ano atrás. Eu e meus 20 anos. Estava no meio de uma aventura de namorar um menino de Curitiba. Um amor platônico de muitos aos de internet que tinha vindo para São Paulo, tínhamos nos conhecido, ficados juntos e resolvido namorar. Passamos o dia fazendo interurbanos (quer dizer, EU fazendo interurbanos) e fingindo que era uma ótima comemoração de dia dos namorados. Não adiantei, fiquei depressivo com a distância e logo mais o namoro iria acabar. Eu fui para Curitiba vê-lo, ele não me deu bola, o amigo dele me deu e puff. Logo namoro acabou. Ainda bem que o amigo se transformou num grande amor da minha vida, até hoje. (/meu curitibano que tanto falo)

E hoje? E em 2008? Pela primeira vez, desde que "me tornei" gay, não estou namorando. Foi um dia fácil? Confesso, não! Invejei os clichês dos outros, invejei as trocas de presentes, invejei as mensagens românticas? Foi um dia meio cinza, meio sem cor, meio sem emoção. Sim, saí com um menino que estou conhecendo. Foi super gostoso, não tão gostoso quanto eu havia planejado, mas sabe quando falta aquela coisa "eu te amo", aquele clichezinho de demonstração explícita de amor? Tá certo, sou brega, adoro essas coisas.

Embora eu pense que deixei de ser romântico, acho que serei um eterno apaixonado pela arte de me apaixonar. Sinceramente? Espero que isso nunca acabe. Amar é o que realmente importa, clichê ou não! Se eu tenho medo do dia 12 de junho? Embora tenha passado por tudo isso, eu nunca tive. Mas confesso que quando acordei hoje e lembrei da data deu um friozinho na barriga...

Um comentário:

Unknown disse...

meu maior medo de namorar é ficar cafona, o pior é que ser cafona faz parte do namoro.
pelo menos os presentes, por mais cliches foram pensados e foram legais.