quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Na fila sem Madonna


Capítulo 11

Segunda-feira, 1º de setembro de 2008

Eu, desde que acordara naquela manhã pelo barulho dos carros passando na rua, fiquei extremamente de mau humor. Bem diferente de como havia sido sábado e domingo, com pouco movimento naquela via, na manhã dessa segunda-feira o tráfego era bastante intenso. A cada caminhão que passava na rua, a calçada, bastante estreita, balançava.

Tinha sido uma madrugada horrível, pelo frio que eu passara e pelo casal que dormia ao meu lado. Além disso, por volta das 4 da manhã, fui acordado abruptamente na barraca por pessoas chamando meu nome. Horus, um menino que eu também havia conhecido na comunidade do orkut da Madonna, chegara ao acampamento de madrugada e, como havíamos combinado, ficaria na minha barraca.

Mas, naquela hora da madrugada, pouco tempo de eu ter me deitado na barraca, eu estava tão drogado de sono (e irritação), que apenas fui realmente notar sua presença quando me acordaram novamente, às 7 da manhã, para explicar as regras para mais pessoas que estavam chegando. Com cabelo desarrumado, bafo horroroso e olhos fechados, tive que falar regrinha por regrinha a cinco novas pessoas que chegavam na fila.

Horus, como também havíamos combinado, trouxera quase 100 pulseiras de camarote para podermos identificar as pessoas do acampamento. Passamos de um por um na fila colocando as pulseiras. Extremamente engraçado, ele me proporcionou algumas risadas no meio de meu mau humor. Simpatizei com o menino desde o primeiro “oi”. Aquela sensação de “vou precisar de você do meu lado para aturar tudo isso” me dominou.



Tomei um rápido café da manhã que a mãe de um menino trouxera e fui dar uma volta sozinho, sem que ninguém me notasse e chamasse por meu nome. Se de noite fizera em torno de 10 ºC a temperatura dentro da barraca, pouco tempo depois de acordar, por volta das 10 da manhã, a temperatura já passava dos 30º C. Eu não estava me sentindo bem. Minha cabeça estava zonza, minha boca ardia, minha pressão estava alterada. Fui até um bar na rua comer um pão-de-queijo e usar o banheiro. Comecei a passar mal lá. Fiquei enjoado, tudo começou a rodar a minha volta. Para piorar, briguei por telefone com minha mãe. Além disso, tive que organizar várias coisas na fila com pessoas que estavam sendo bastante folgadas.

Eu estava irritado, nervoso, enjoado. Será que havia ficado doente? Eu apenas sabia que não conseguiria ficar mais um só minuto sob aquele sol. Não desejava largar a fila, mas eu realmente precisava de um banho, precisava de remédio para enjôo, precisava da minha cama, precisava da minha mãe, precisava ficar nem que fosse uma horinha sem que alguém chamasse por meu nome. Havia chegado ao limite.

- Gente, eu estou prestes a desmaiar. Por favor, continuem a organização de tarde, eu estou indo para casa. Volto ao entardecer, qualquer coisa me liguem – e rumei pela segunda vez, desde que chegara ao acampamento, para o ponto de ônibus, meio cambaleando, meio febril, meio segurando meu estômago na garganta.

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