quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Na fila sem Madonna


Capítulo 12

Bem que tentei descansar um pouco em casa, mas minha cabeça estava a todo vapor. Nem o banho de água gelada conseguiu acalmar meus nervos. Nos poucos minutos que deitei na cama, duas pessoas do acampamento me ligaram para pedir informações. Além disso, o pessoal da revista A Capa soube de minha saga e me entrevistou por telefone. Aliás, seria apenas a primeira entrevista de várias que eu estariam por realizar comigo.

Quando voltei por volta das 7 da noite ao acampamento, a fila estava pegando fogo! Durante a tarde, mais de 50 pessoas chegaram ao acampamento, diversas barracas foram armadas, a lista já estava gigante e a imprensa já havia descoberto sobre nossa organização. Nas poucas horas que fiquei fora, jornalistas do O Estado de S. Paulo e da Reuters apareceram na fila a minha procura e, como eu não estava lá, disseram que voltariam depois.

Foi só eu pisar no local que já fiquei sabendo de mais “visitas amigáveis” de cambistas à fila. Aliás, alguns cambistas já estavam acampados na fila com as demais pessoas, pois a regra era igual para todos: não importa o que você fará com os 6 ingressos, se você ficar na fila como todos estão fazendo, você poderá comprar seus ingressos. Sendo assim, cambista ou não, todos passaram a respeitar as regras.

Mas não tive muito tempo para conversar com as pessoas da fila. Um repórter do jornal Agora estava me esperando há quase 1 hora para me entrevistar. Foi engraçado estar do outro lado da entrevista, não como jornalista, e sim como entrevistado. Uma experiência bem diferente. A cada informação que eu passava ao repórter, o filme do acampamento, desde a primeira vinda ao Credicard Hall, 3 dias atrás, até aquele momento, passava na minha cabeça. Por último, o fotógrafo do jornal fez uma foto minha à frente de minha barraca.

Fiz questão de conhecer todos que haviam chegado na fila. Fui passando de barraca e barraca cumprimentando as pessoas e distribuindo uma torta gigante que minha mãe fez e embrulhou para eu levar ao acampamento. Praticamente um político em época de eleição distribuindo santinho rs. Enquanto isso, aproveitei o momento para matar a saudades (nossa, eu já estava com saudades!) das pessoas que eu conhecera desde o primeiro dia na fila.

Elas estavam sendo fundamentais para a organização da fila: a postura sempre firme do santista, a pré-disposição e alegria do Horus, que havia trazido as pulseiras de camarote, a ajuda do Hector, que ficou responsável por não desgrudar um só minuto da lista oficial, além dos demais componentes da fila que estavam se respeitando e sempre que eu estava ausente, ensinavam para os novos acampantes as regras.

Mas, agora, o acampamento já estava com muita gente. O medo de que uma nova fila se formasse no portão oficial do Credicard Hall era constante. Precisávamos decidir o que faríamos, se ficaríamos lá ou migraríamos para outro lugar. Pensei bastante a respeito e resolvi chamar 3 pessoas em minha barraca: o santista, o menino das pulserinhas e o hetero bonzinho engraçado. Faríamos uma reunião para decidir o futuro da fila.

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